São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PLANOS DE SAÚDE

Para serem atendidos, os clientes deverão pagar e, depois, pedir o reembolso à operadora do serviço

Médicos de SP prometem boicote hoje

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os médicos de São Paulo anunciaram que paralisarão durante o dia de hoje o atendimento aos clientes de todos os planos de saúde. A decisão foi tomada em assembléia do Sindicato dos Médicos de São Paulo, realizada no último dia 1º, que reuniu cerca de mil profissionais da área.
A principal reivindicação dos médicos da capital é a implantação da CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos) por parte das seguradoras de saúde. Hoje eles se reúnem em frente à sede da Associação Médica Brasileira, na rua São Carlos do Pinhal (região central de São Paulo).
A classificação de procedimentos médicos foi lançada no fim de 2003 pelo Conselho Federal de Medicina e pela AMB. De acordo com essa classificação, o valor-referência de uma consulta deve ser de R$ 42, enquanto os médicos recebem hoje, em média, R$ 20, segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.
Para serem atendidos, os clientes de planos de saúde deverão pagar o preço cobrado pelo consultório e, posteriormente, pedir o reembolso à sua respectiva operadora do serviço.
De acordo com o presidente do Simesp, José Erivalder Guimarães de Oliveira, hoje será apenas uma paralisação de "alerta". No próximo dia 20, será realizada outra assembléia em que poderá sair uma decisão de paralisação por tempo indeterminado.
"Será um dia de protestos contra os planos de saúde porque, até agora, as negociações que nós temos feito foram insuficientes para atender às nossas reivindicações", afirmou Oliveira.
A previsão do sindicato dos médicos é que a adesão seja quase total, já que uma pesquisa feita entre 1.200 profissionais da medicina apontou um apoio superior a 90% à idéia da paralisação. "Estamos muito otimistas", disse Oliveira. A mesma pesquisa aponta que 99% dos profissionais concordam com a implantação da classificação.
De acordo com ele, a intenção da paralisação não é deixar de atender aos pacientes, e por isso o atendimento será feito por meio do sistema de reembolso.
"Temos que onerar não os pacientes, mas as seguradoras, que hoje estão em um conflito muito grande com os próprios usuários", afirmou.
O Simesp afirma que os planos de saúde pagam de R$ 20 a R$ 25 por consulta e que há cerca de dez anos não há reajuste dos valores. Ainda segundo o sindicato, essas empresas impuseram um aumento aos usuários de 248%, sem contar o mais recente, de 11,75%, autorizado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
O diretor de saúde da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização, Otelo Correia dos Santos Filho, afirmou que a entidade tem reajustado o valor pago por consulta aos médicos, em uma base semelhante à classificação de procedimentos. Também afirma que a federação manterá canal de negociação para evitar novas paralisações e prejuízos aos clientes.


Texto Anterior: Agora, governo não vê saída para a crise
Próximo Texto: Empresas devem ser autuadas hoje
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.