|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PLANOS DE SAÚDE
Para serem atendidos, os clientes deverão pagar e, depois, pedir o reembolso à operadora do serviço
Médicos de SP prometem boicote hoje
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Os médicos de São Paulo anunciaram que paralisarão durante o
dia de hoje o atendimento aos
clientes de todos os planos de saúde. A decisão foi tomada em assembléia do Sindicato dos Médicos de São Paulo, realizada no último dia 1º, que reuniu cerca de
mil profissionais da área.
A principal reivindicação dos
médicos da capital é a implantação da CBHPM (Classificação
Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos) por parte
das seguradoras de saúde. Hoje
eles se reúnem em frente à sede da
Associação Médica Brasileira, na
rua São Carlos do Pinhal (região
central de São Paulo).
A classificação de procedimentos médicos foi lançada no fim de
2003 pelo Conselho Federal de
Medicina e pela AMB. De acordo
com essa classificação, o valor-referência de uma consulta deve ser
de R$ 42, enquanto os médicos recebem hoje, em média, R$ 20, segundo o Conselho Regional de
Medicina do Estado de São Paulo.
Para serem atendidos, os clientes de planos de saúde deverão
pagar o preço cobrado pelo consultório e, posteriormente, pedir
o reembolso à sua respectiva operadora do serviço.
De acordo com o presidente do
Simesp, José Erivalder Guimarães
de Oliveira, hoje será apenas uma
paralisação de "alerta". No próximo dia 20, será realizada outra assembléia em que poderá sair uma
decisão de paralisação por tempo
indeterminado.
"Será um dia de protestos contra os planos de saúde porque, até
agora, as negociações que nós temos feito foram insuficientes para
atender às nossas reivindicações",
afirmou Oliveira.
A previsão do sindicato dos médicos é que a adesão seja quase total, já que uma pesquisa feita entre
1.200 profissionais da medicina
apontou um apoio superior a 90%
à idéia da paralisação. "Estamos
muito otimistas", disse Oliveira. A
mesma pesquisa aponta que 99%
dos profissionais concordam com
a implantação da classificação.
De acordo com ele, a intenção
da paralisação não é deixar de
atender aos pacientes, e por isso o
atendimento será feito por meio
do sistema de reembolso.
"Temos que onerar não os pacientes, mas as seguradoras, que
hoje estão em um conflito muito
grande com os próprios usuários", afirmou.
O Simesp afirma que os planos
de saúde pagam de R$ 20 a R$ 25
por consulta e que há cerca de dez
anos não há reajuste dos valores.
Ainda segundo o sindicato, essas
empresas impuseram um aumento aos usuários de 248%, sem contar o mais recente, de 11,75%, autorizado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
O diretor de saúde da Federação
Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização,
Otelo Correia dos Santos Filho,
afirmou que a entidade tem reajustado o valor pago por consulta
aos médicos, em uma base semelhante à classificação de procedimentos. Também afirma que a federação manterá canal de negociação para evitar novas paralisações e prejuízos aos clientes.
Texto Anterior: Agora, governo não vê saída para a crise Próximo Texto: Empresas devem ser autuadas hoje Índice
|