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SEGURANÇA
Grupo é acusado de fazer movimentações ilegais em milhares de contas do Banco do Brasil; cinco pessoas foram presas
Quadrilha desvia R$ 1 mi de clientes do BB
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
De contas bancárias com altos
valores para contas "alugadas",
até parar nas mãos de uma quadrilha liderada por um hacker.
Assim o dinheiro de milhares de
contas de clientes do Banco do
Brasil em São Paulo era desviado,
em pequenas quantias, segundo a
polícia paulista. Só nos últimos
três meses, o esquema teria arrecadado cerca de R$ 1 milhão.
O golpe contaria com a participação de correntistas do banco,
que concordariam em "alugar"
suas contas por, no máximo, dois
dias para a quadrilha em troca de
10% do valor desviado.
A descoberta do suposto esquema foi divulgada ontem, pelo
Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado). Cinco pessoas foram presas
suspeitas de participar do grupo.
Eles foram indiciados por estelionato, formação de quadrilha e falsificação de documento.
Os policiais apreenderam dez
computadores, dois laptops e oito
CDs com informações cadastrais
sobre contas, valores e senhas. Os
equipamentos estavam na casa
dos suspeitos e em uma empresa
na zona leste de São Paulo usada,
segundo a polícia, para lavar dinheiro.
"São milhares de contas. Só vamos saber o total depois de analisar o material", afirma o delegado
Ruy Ferraz Fontes, do Deic. Segundo ele, as investigações ainda
vão determinar como a quadrilha
conseguia os dados.
Uma das suspeitas é que parte
das informações era conseguida
por meio de páginas clonadas. "O
cliente digitava a página do banco
e vinha a falsa. Encontramos com
os suspeitos programas usados
para fazer isso", diz Fontes.
Outra hipótese, de acordo com
a polícia, é a conivência de funcionários do banco. E-mails enviados à quadrilha com dados das
contas vão ser analisados. "Pode
ter a participação de funcionários,
mas isso só a investigação vai
comprovar", afirma o delegado.
O líder da quadrilha seria o hacker Anderson Cisneiros da Silva,
33, já condenado por estelionato.
Márcia Soares de Jesus, 32, ex-mulher de Silva, também foi presa. Eles seriam responsáveis pela
obtenção dos dados das contas.
Marinaldo da Silva Rezende, 33,
seria o intermediário entre o topo
da quadrilha e o "braço operacional", formado por Cleber Scheffer
da Silva, 29, e a mulher dele, Bianca Corrêa Scheffer da Silva, 27,
que também estão presos.
Segundo a polícia, o casal tinha
a função de arregimentar correntistas. "Eles ofereceriam R$ 200
para usar a conta por um ou dois
dias. Esses correntistas aceitavam
a oferta achando que não aconteceria nada", diz Fontes.
Com a quadrilha, os policiais
apreenderam ontem R$ 56 mil.
Desse valor, R$ 34 mil estavam na
empresa e R$ 12 mil estavam nos
bolsos de Anderson da Silva
quando ele foi preso. A polícia
também identificou seis imóveis e
apreendeu sete veículos. "O patrimônio da quadrilha supera R$ 1
milhão. Esses bens serão alvo de
seqüestro", afirma Fontes.
Os presos negaram à polícia fazer parte do esquema. A reportagem não teve acesso a eles.
A assessoria de imprensa do
Banco do Brasil em Brasília afirmou que não houve quebra do
protocolo de segurança e informou que já alertou os clientes sobre o envio de e-mails falsos com
links de páginas clonadas.
A assessoria disse que o banco
analisa caso a caso e que o cliente
não será prejudicado quando ficar comprovado que ele não foi o
responsável pela transferência.
O delegado afirma que o banco
foi o maior prejudicado com o esquema, já que teve de ressarcir os
clientes. Escutas telefônicas feitas
na investigação revelam, porém,
que membros da quadrilha comentavam que clientes com altos
valores na conta nem notariam o
desvio de pequenos valores.
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