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Governo quer 15% menos mortes
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano passado, no dia 8 de
março, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva lançou um Pacto Nacional de Redução da Mortalidade Materna, que pretende reduzir
em 15% os atuais índices de mortes no parto e neonatal (de recém-nascidos) até o fim de 2006, e em
75% até 2015.
Formulado pela área técnica de
saúde da mulher, o pacto envolve
as secretarias municipais e estaduais de saúde, associações médicas e ONGs e está propondo diversas ações.
Entre elas está a garantia de que
mulheres e recém-nascidos não
sejam recusados nos serviços de
saúde e que sejam assistidos até a
transferência para outra unidade,
situação que não ocorreu no caso
das mortes na Paraíba.
Para Fátima de Oliveira, secretária-executiva da Rede Feminista
de Saúde, uma organização que
reúne mais de 200 ONGs de defesa à saúde da mulher, falta compromisso político de prefeitos e
governadores.
Segundo ela, a RFS vai iniciar
uma campanha de conscientização com as famílias das mulheres
mortas para que ingressem com
ações de indenização contra o
município e o Estado.
"Há dinheiro e diretrizes nacionais muito claras com o intuito de
evitar as mortes maternas. É inadmissível que as mulheres continuem morrendo", afirma.
Na avaliação de Valderez Araújo, faltam profissionais capacitados para atender essas mulheres.
Para ela, a qualidade profissional
de muitos médicos ligados ao
Programa Saúde da família está
aquém do desejado. "Ou são jovens demais ou idosos, que vêm
no trabalho um bom "bico'", diz.
Ela exemplifica a falta de qualificação com as mortes ocorridas na
Paraíba. As mulheres que peregrinaram do interior à capital passaram por municípios que tinham,
no mínimo, cinco equipes com
médicos da família.
Segundo Araújo, em tese, esses
médicos deveriam estar preparados para medicar as mulheres
com pré-eclâmpsia (com sulfato
de magnésio e outros anticonvulsivantes) até a chegada a uma unidade mais bem equipada.
O ponto positivo apontado por
especialistas em saúde da mulher
foi que, a partir do pacto, notificações de morte materna passaram
a ser obrigatórias. Estima-se que,
para cada óbito notificado, há outro ignorado.
(CC)
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