São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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Governo quer 15% menos mortes

DA REPORTAGEM LOCAL

No ano passado, no dia 8 de março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou um Pacto Nacional de Redução da Mortalidade Materna, que pretende reduzir em 15% os atuais índices de mortes no parto e neonatal (de recém-nascidos) até o fim de 2006, e em 75% até 2015.
Formulado pela área técnica de saúde da mulher, o pacto envolve as secretarias municipais e estaduais de saúde, associações médicas e ONGs e está propondo diversas ações.
Entre elas está a garantia de que mulheres e recém-nascidos não sejam recusados nos serviços de saúde e que sejam assistidos até a transferência para outra unidade, situação que não ocorreu no caso das mortes na Paraíba.
Para Fátima de Oliveira, secretária-executiva da Rede Feminista de Saúde, uma organização que reúne mais de 200 ONGs de defesa à saúde da mulher, falta compromisso político de prefeitos e governadores.
Segundo ela, a RFS vai iniciar uma campanha de conscientização com as famílias das mulheres mortas para que ingressem com ações de indenização contra o município e o Estado.
"Há dinheiro e diretrizes nacionais muito claras com o intuito de evitar as mortes maternas. É inadmissível que as mulheres continuem morrendo", afirma.
Na avaliação de Valderez Araújo, faltam profissionais capacitados para atender essas mulheres. Para ela, a qualidade profissional de muitos médicos ligados ao Programa Saúde da família está aquém do desejado. "Ou são jovens demais ou idosos, que vêm no trabalho um bom "bico'", diz.
Ela exemplifica a falta de qualificação com as mortes ocorridas na Paraíba. As mulheres que peregrinaram do interior à capital passaram por municípios que tinham, no mínimo, cinco equipes com médicos da família.
Segundo Araújo, em tese, esses médicos deveriam estar preparados para medicar as mulheres com pré-eclâmpsia (com sulfato de magnésio e outros anticonvulsivantes) até a chegada a uma unidade mais bem equipada.
O ponto positivo apontado por especialistas em saúde da mulher foi que, a partir do pacto, notificações de morte materna passaram a ser obrigatórias. Estima-se que, para cada óbito notificado, há outro ignorado. (CC)


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