São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2005

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CRIME ORGANIZADO

Thomaz Bastos, segundo governador de São Paulo, pretende transferir traficante antes do dia 23

Ministro não sabe para onde levar Beira-Mar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
DA REDAÇÃO


O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ainda não sabia ontem, segundo a Folha apurou, para onde será transferido o traficante Fernandinho Beira-Mar.
Thomaz Bastos conversou ontem com o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), para tratar da transferência, mas só está definido que o traficante será levado a outro presídio de segurança máxima e antes do prazo de 15 dias (que vence dia 23) fixado pela Justiça para que ele seja retirado do regime mais rigoroso.
Até ontem, nem a data da transferência nem o Estado do novo presídio para Beira-Mar haviam sido fixados pelo ministro. Com isso, o impasse deve se arrastar.
Alckmin já descartou a permanência do traficante em outro presídio paulista que não seja o de Presidente Bernardes (SP).
Segundo Alckmin, a estadia de Beira-Mar em São Paulo só é justificada pelas regras duras do presídio, que conta com o regime disciplinar diferenciado (RDD).
"A Justiça determinou que em 15 dias ele deve ser tirado de lá [Presidente Bernardes] porque venceu o prazo de [permanência no] RDD. Aí não tem mais razão para deixá-lo em São Paulo, porque penitenciária comum você tem no Brasil inteiro. Não é um preso daqui, então nós já prestamos a colaboração nessa área."
Alckmin confirmou ter conversado com Thomaz Bastos e com o ex-ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) sobre a transferência. "O ministro da Justiça já nos informou que vai transferi-lo antes do prazo [fixado pela Justiça]. Para onde vai, eu não sei."

Rio rejeita traficante
O secretário de Administração Penitenciária do Estado, Astério Pereira dos Santos, disse ontem que o responsável pela custódia de Beira-Mar é o governo federal porque o traficante cometeu crimes de natureza internacional.
Apesar de aceitar receber presos de fora do Estado, Santos afirmou, em nota, não achar conveniente a presença de Beira-Mar no Rio. Para o secretário, manter um preso de alta periculosidade próximo às suas origens é um risco para a segurança pública.
De acordo com Astério, o governador paulista teria sugerido somente que Beira-Mar fosse para o Rio porque a opinião de Alckmin não tem valor legal.
O setor de inteligência da Secretaria de Administração Penitenciária informou que, caso Beira-Mar volte ao Rio, ele não encontrará um ambiente tão favorável na cadeia quanto tinha antes.
Segundo agentes, o traficante não tem mais apoio unânime dentro da facção criminosa CV (Comando Vermelho), grupo ao qual é vinculado, porque não é mais um fornecedor de drogas em potencial e também nunca chegou a ser um braço armado do tráfico de drogas. (ELIANE CANTANHÊDE, MARIO HUGO MONKEN E MARCOS SERGIO SILVA)


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