São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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EDUCAÇÃO

Objetivo era impedir a votação de plano de expansão; três professores e pelo menos dez alunos ficaram feridos

Estudantes invadem reitoria da Unesp

DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 150 alunos da Unesp (Universidade Estadual Paulista) invadiram, por volta das 10h30 de ontem, o prédio da reitoria, na zona oeste de São Paulo. O objetivo era impedir a votação, pelo Conselho Universitário, de um plano para criar oito campi em 2003. A Unesp tem hoje 16 campi.
Os alunos alegam que o plano vai baixar a qualidade de ensino por usar professores viajantes e prever parcerias com prefeituras.
As portas de vidro do prédio e da sala do conselho foram arrebentadas. Dois professores foram atingidos por cadeiradas e um terceiro se feriu com estilhaços da porta. Alunos disseram ter sido agredidos por professores. Os seguranças não agiram.
A reunião do Conselho Universitário, presidida pelo reitor da Unesp, José Carlos Souza Trindade, começou por volta das 9h30, com a presença de 62 dos 67 conselheiros. Um grupo de conselheiros tentou, sem sucesso, retirar a urgência da votação do projeto.

Tumulto
Depois de passar pelas catracas, os alunos subiram 17 andares, a maioria pelas escadas. Na sala, dois assessores seguravam a porta pelo lado de dentro. O reitor rejeitou uma proposta para que fosse permitida a entrada dos alunos.
Mais uma vez, a porta foi forçada e estilhaçada. Pelo menos dez alunos se cortaram. Houve confusão e agressões. "Eles estouraram o vidro. Quando eu vi, já levei uma cadeirada", disse o professor José Carlos Martinez, 52, que teve escoriações no rosto.
"Um professor me pegou pelo braço e pelo cabelo", conta Luciana Gonzaga, 18, que faz serviço social no campus de Franca.
Confundida com aluna, a repórter de "O Estado de S. Paulo" Renata Cafardo, 25, levou de um professor uma tapa no rosto.
A ocupação do auditório continuou até as 12h40, quando alunos e o conselho chegaram a um acordo. A reitoria se comprometeu a só convocar nova reunião em três semanas e a receber uma comissão de alunos, professores e servidores na próxima semana.
Dois dos três professores feridos registraram a ocorrência no posto policial do Serviço de Emergência do Hospital do Servidor Público. O boletim será encaminhado ao 78º DP (Jardins).
O reitor, que permaneceu o tempo todo no auditório, disse que vai instaurar sindicância para avaliar as agressões físicas e os danos ao patrimônio da Unesp.

Expansão
O mérito do projeto de expansão foi aprovado em fevereiro, mas falta aprovar o estudo de viabilidade sobre as localidades, os cursos a serem criados, os custos e os projetos pedagógicos.
Segundo a reitoria, o estudo envolveu professores especialistas na formulação de projetos pedagógicos, parcerias com as prefeituras para fornecimento de infra-estrutura e recursos adicionais para a contratação de pessoal.
A assessoria da reitoria informou que o plano priorizou regiões desprovidas de universidade pública. As cidades escolhidas -Sorocaba, Iperó, Registro, Tupã, Dracena, Rosana, Itapeva e Ourinhos- ganhariam um curso cada uma. Com os novos campi, para o vestibular de 2003, seriam criadas 345 vagas.


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