São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 2002

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VIOLÊNCIA

Segundo o pai do advogado Marcos Vassiliades Pereira, o filho não costuma andar armado; peça foi entregue para perícia

Baleado em briga de trânsito tem arma

DAGUITO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Marcos Vassiliades Pereira, 34, que levou dois tiros em uma briga de trânsito em São Paulo no último domingo, possui arma de fogo. A informação foi confirmada ontem pelo pai dele, Rubens. Na versão do pai, porém, Pereira não andaria armado.
A Folha apurou que a arma já foi entregue à polícia para a realização de uma perícia.
O inquérito que apura o ferimento do advogado e a morte de Tainá Mendonça, 5, está sob segredo de Justiça desde terça-feira, quando foi decretada a prisão temporária de Rodrigo Henrique Farrampa Guilherme, 22, suspeito de ser o autor dos tiros.
Um dia após o crime, que ocorreu no Alto de Pinheiros (zona oeste de São Paulo), familiares do advogado disseram que Farrampa Guilherme, que continua foragido, teria atirado sem motivo, já que não teria ocorrido discussão.
Pereira e os amigos Alexandre Certo e Fábio Valente de Mendonça Júnior, tio de Tainá, perseguiram o Monza branco onde estava Farrampa Guilherme após o veículo ter batido de raspão no carro do advogado.
Após Farrampa Guilherme ter atirado, ele e outras três pessoas que estavam no Monza, entre elas uma criança, fugiram a pé, de acordo com a versão dos familiares de Tainá e do advogado. A polícia ainda não teria conseguido identificar essas pessoas.

Contradição
Michelli Cavalcante Mendes, 23, ex-proprietária do Monza, disse que Farrampa Guilherme ligou para ela há cerca de 15 dias porque queria passar a documentação do carro para o nome dele. Ela vendeu o carro para uma revendedora há cerca de quatro meses, mas o Monza ainda está em seu nome.
Ela não estava em casa e decidiu esperar que Farrampa Guilherme ligasse de volta, o que não ocorreu. Por volta das 23h45 do domingo, após a polícia ligar para ela perguntando sobre o carro, Michelli pediu para seu marido, Jackson, ligar para Farrampa Guilherme. "Achei que o carro tivesse sido roubado."
Segundo ela, Jackson falou com a mãe do rapaz, Maria Conceição. Ela teria dito que o filho passou o domingo em casa e que ele teria saído por volta das 20h. Tainá foi morta em torno das 21h.
A informação dada por Michelli contradiz o depoimento prestado por Maria Conceição anteontem. Ela disse à polícia que seu filho não aparece em casa há cerca de duas semanas.
Um vizinho de Guilherme disse que o rapaz foi visto na manhã de segunda-feira em frente à casa onde mora, no Jardim Guarapiranga, mas nenhum outro morador confirmou.
O delegado Darlan Carlos Pinto, da Delegacia Seccional de Taboão da Serra, disse que um ex-padrasto de Farrampa Guilherme foi ouvido na tarde de ontem. Segundo Pinto, o ex-padrasto teria dito que não tem contato com o rapaz.
Os quatro pneus do Monza utilizado por Guilherme na noite do crime estão furados. Segundo o perito Kit Ong, do Instituto de Criminalística, eles parecem ter sido cortados.
Segundo ele, pode ter sido algum objeto cortante, o meio-fio da rua ou até mesmo balas, mas somente uma perícia mais detalhada -que deve acontecer hoje- pode identificar a causa.


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