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TRANSPORTE
Após mostrar laudo médico, presidente do sindicato das viações deixa de responder a perguntas da PF sobre propina
Empresário depõe e diz ter lapso de memória
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Transurb (sindicato das empresas de ônibus de
São Paulo), José Sérgio Pavani,
deixou de responder, durante depoimento à Polícia Federal, a uma
série de perguntas relativas ao inquérito que investiga um suposto
esquema de pagamento de propinas a sindicalistas do setor para
forjar greves na capital paulista.
Momentos antes de ser interrogado, ontem de manhã, Pavani
entregou à PF dois laudos médicos alegando que poderia ter lapsos eventuais de memória em razão de medicamentos utilizados.
Segundo Wagner Castilho, delegado da PF, ele não soube especificar, por exemplo, a origem dos
rendimentos do Transurb. Também não teria sabido dar detalhes
sobre intervenções feitas pela prefeitura em empresas de ônibus.
Mas negou a existência de propinas e manipulação de greves.
"Não se pode fazer juízo de valor sobre um laudo médico. Entretanto, é no mínimo conveniente que uma pessoa, prestes a ser
interrogada, apresente um laudo
médico atestando que, eventualmente, tem lapsos de memória",
disse Castilho, que não informou
a doença e os remédios citados
sob a alegação de que não poderia
expor a vida do empresário.
O depoimento de Pavani, que
também é dono da viação Tupi,
durou mais de três horas e aconteceu dois meses depois do interrogatório de Romero Teixeira Niquini -único empresário que já
havia sido ouvido oficialmente
pela PF nas investigações da chamada "máfia do transporte".
Essas investigações, que tiveram
a participação dos Ministérios
Públicos Federal e Estadual, levaram 18 dirigentes sindicais à prisão desde maio -17 dos quais foram soltos para responder em liberdade. Eles foram acusados, entre outros crimes, de formação de
quadrilha armada e paralisação
de trabalho mediante violência.
O presidente do sindicato dos
motoristas e cobradores, Edivaldo Santiago, segue preso por também ser acusado de homicídio em
Guarulhos (Grande SP).
O delegado Castilho nega que a
PF tenha poupado os empresários
de ônibus das investigações. Diz
que os últimos dois meses foram
uma fase "para a confecção de
laudos periciais para conferir a
autenticidade de documentos recolhidos no começo". Afirma ainda que os interrogatórios continuarão nos próximos dias.
O presidente do Transurb teria
dito várias vezes "não me lembro"
e "assunto encerrado". Teria afirmado ainda que a receita da entidade vinha do gerenciamento de
contratos, como os dos planos de
saúde das viações, mas sem dar
detalhes. "É muito vago", afirmou
Castilho, para quem as respostas
do empresário foram "evasivas".
O delegado da PF não soube dizer ontem à imprensa a idade de
Pavani, que, procurado pela Folha, informou que não se manifestaria. Ele teria 60 ou 61 anos.
Sigilo bancário
A PF também ouviu anteontem
José Dias Trigo, presidente da Federação dos Trabalhadores em
Transportes Rodoviários do Estado de São Paulo. Ele era ligado a
Edivaldo Santiago e a José Carlos
de Sena -também preso sob a
acusação de participar da morte
de um sindicalista em Guarulhos.
Trigo disponibilizou a abertura
de seu sigilo bancário. Segundo
Castilho, ele tentou se desvincular
dos sindicalistas que foram presos. Ele foi convocado pela PF por
ter o nome citado na investigação.
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