São Paulo, Domingo, 15 de Agosto de 1999
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NA CÂMARA
Objetivo é obter apoio de 4 situacionistas
Oposição lança ofensiva pró-CPI

da Reportagem Local


O bloco oposicionista na Câmara Municipal de São Paulo vai iniciar amanhã uma ofensiva de caça a vereadores da situação para conseguir os quatro votos que faltariam para aprovar a abertura de uma nova CPI da máfia da propina.
Há na Câmara, desde terça-feira, dois pedidos de CPI para investigar irregularidades na administração pública paulistana. O projeto da situação, comandado por Miriam Athiê (PMDB), foi apresentado com 22 assinaturas. A proposta da oposição, protocolada por Roberto Trípoli, teve o apoio de 20 parlamentares.
A estratégia da oposição, comandada por Roberto Trípoli (PSDB) e José Eduardo Cardozo (PT), é convencer situacionistas que não estão sendo investigados de que a nova CPI traria dividendos eleitorais para eles. Com essa tática, Trípoli afirma já ter convencido dois vereadores do bloco governista.
Trípoli estima ter hoje o apoio de 24 parlamentares, quatro a menos que o necessário para a aprovação da CPI. São a favor da proposta de Trípoli os 20 oposicionistas, dois vereadores desgarrados da situação (Mohamad Mourad, do PL, e Salim Curiati Jr., do PPB) e outros dois situacionistas que ele não revela o nome. Dos 33 governistas, 13 são investigados e outros dez declaram ser contrários a qualquer CPI. Assim, a oposição tem dez vereadores da situação como "alvo de ataque".
"É preciso definir a situação já. Vamos procurar vereadores da situação para conseguir os votos necessários para aprovar a CPI. O jogo hoje está empatado, mas tenho esperanças de vencê-lo", afirmou Trípoli.
Na semana passada, os dois blocos evitaram a votação, pois nenhum deles tem votos suficientes para a aprovação. Na quinta-feira, a oposição tentou votar a proposta de Miriam Athiê, mas o bloco governista, para evitar o desgaste de uma derrota, abandonou o plenário, encerrando a sessão.
A situação do bloco governista não é mais confortável. A própria Miriam Athiê admite dificuldades para conseguir os votos necessários. "Se tivesse consenso, o pedido teria sido apresentado com 33 assinaturas. Mas só consegui 22", argumenta a vereadora.
Caso a pressão popular force a Câmara a aprovar uma CPI, líderes governistas já articulam uma terceira via, com a presidência da situação e a relatoria da oposição. Seria uma maneira de evitar a cooptação de situacionistas pela proposta da oposição.
A terceira via é defendida abertamente por Miguel Colasuonno e Paulo Frange (ambos do PPB). "Defendo uma CPI da Câmara, de consenso, que não seja usada como palanque político", afirmou Colasuonno.
(OTÁVIO CABRAL)


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