São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002

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Diagnóstico precoce pode garantir cura

DA REPORTAGEM LOCAL

Sidnei Epelman, presidente da Tucca (Associação para Crianças e Adolescentes com Tumor Cerebral), afirma que na decisão de fazer uma campanha sobre o retinoblastoma pesou o fato de o diagnóstico precoce fazer grande diferença no tratamento desse tipo de câncer.
"É uma doença que, com o diagnóstico precoce, é possível curar sem maiores procedimentos. É possível o paciente fazer um tratamento a laser sem precisar de quimioterapia. Entre todos os tipos de câncer, talvez seja aquele em que a descoberta cedo tenha o maior impacto."
O retinoblastoma pode levar à perda do olho e evoluir para um tumor cerebral se não for descoberto a tempo.
De acordo com Clélia Maria Erwenne, da oncologia ocular da Unifesp, o objetivo da campanha é dobrar as chances de conservação do olho, hoje de cerca de 50%, quando a mancha é descoberta.
Segundo Martha Motono Chojniak, diretora do Departamento de Oftalmologia do Hospital do Câncer de São Paulo, em até 35% dos casos o retinoblastoma é hereditário. Nesses casos, costuma atacar os dois olhos e causar várias lesões. Quando não é hereditário, costuma atingir apenas um dos olhos.
Mães que tiveram retinoblastoma têm 40% de chance de ter um filho com a doença.
A dona-de-casa Tereza Cristina Araújo de Lima, 23, teve retinoblastoma quando era criança. Descobriu há alguns meses que o filho, Pedro Roberto, de nove meses, também é portador da doença. "Um dia ele estava deitado na cama, olhou para a lâmpada e enxerguei "aquele fogo'", diz Tereza. "Minha mãe logo lembrou que era a mesma doença que tive."
Tereza, que mora em João Pessoa (PB), não encontrou tratamento em sua cidade e por isso foi encaminhada para São Paulo. Paulo Roberto está respondendo bem à terapia com laser e conservou a visão.
O tratamento do retinoblastoma pode associar a quimioterapia a procedimentos como aplicações de laser e congelamento.
De acordo com Clélia, a doença é controlável em até 80% dos casos, apesar de, em alguns deles, ser necessária a retirada do olho.
Segundo ela, apesar de algumas lacunas, a rede de saúde pública e privada está preparada para receber os casos. Apenas tratamentos mais sofisticados, como a braquiterapia (que utiliza placas radioativas especiais), são disponíveis em poucos centros -em São Paulo, existem apenas dois.
A campanha da Tucca foi elaborada com o auxílio de uma série de parceiros e discutida em um encontro da International Network for Cancer and Treatment Research (Rede Internacional para a Pesquisa e Tratamento do Câncer). Foi aprovada pela rede e será levada para outros países.


Mais informações: 0800-7704665 ou www.tucca.org.br


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