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Após varrição, Kassab reduz coleta de lixo
Prefeitura de SP avisou concessionárias que cortará 10% das verbas para o serviço; empresas dizem que trabalho será afetado
Com o corte no repasse para as empresas de coleta, a prefeitura deve economizar algo em torno de R$ 18 milhões até o fim do ano
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
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Lixo acumulado em calçada no Jardim Europa, zona oeste de São Paulo; prefeitura reduzirá repasse de verbas para a coleta de lixo
CONRADO CORSALETTE
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois da varrição de ruas e
do recolhimento de entulhos,
agora é a coleta de lixo que sofrerá cortes em São Paulo.
Em reunião realizada na sexta passada com as duas concessionárias responsáveis pelo
trabalho (Loga e Ecourbis), o
secretário municipal de Serviços, Alexandre de Moraes, comunicou a redução de 10% no
repasse de verbas para a área a
partir do final do mês.
De acordo com relatos feitos
à Folha por pessoas que participaram do encontro, Moraes
justificou o corte dizendo que a
prefeitura passa por sérios problemas de arrecadação. Ele pediu, então, que as concessionárias fizessem uma "readequação" do plano de coleta de lixo.
Empresários dizem que a redução dos serviços é inevitável.
A assessoria de imprensa do
prefeito Gilberto Kassab
(DEM) confirma a reunião de
sexta e diz que ela integra uma
série de encontros que o secretário tem realizado a fim de
"adaptar os trabalhos de forma
que eles caibam na verba de R$
903 milhões" a ser destinada à
limpeza urbana neste ano.
Os assessores do prefeito disseram ainda que "não dá para
falar exatamente em 10% de redução" e que "haverá um replanejamento do trabalho para
que a sua qualidade não caia".
Os R$ 903 milhões citados se
referem à mesma quantia que
Kassab gastou no ano passado
com o setor de limpeza urbana.
Até agora, no entanto, a intenção de desembolsar esse valor está apenas no discurso oficial. Os recursos do Orçamento
reservados para limpeza, que
inclui varrição, coleta, reciclagem, retirada de entulho, são
de apenas R$ 765,6 milhões. O
prefeito, portanto, terá de tirar
verbas de outras áreas para dar
conta dos gastos prometidos.
Discurso e prática
No dia 13 de agosto, a Folha
revelou que Kassab havia determinado o corte de 20% nos
contratos de varrição. Na sequência, o sindicato dos garis
divulgou que pelo menos 1.600
varredores de rua seriam demitidos por causa da medida.
Na terça-feira da semana
passada, uma chuva forte inundou ruas e expôs a sujeira da cidade, que ajudou a entupir
bueiros e agravar a enchente.
A fim de evitar mais desgaste, Kassab afirmou, então, que
não reduziria os gastos com
limpeza em relação ao pago no
ano passado. Prometeu incrementar a verba da área tirando
dinheiro de "grandes obras",
sem dizer quais.
Na mesma sexta-feira em
que o prefeito se comprometia
publicamente a não reduzir os
gastos do setor, seu secretário
comunicava, numa reunião
privada, o corte de 10% para as
concessionárias de lixo.
Juntas, as duas concessionárias recebem atualmente cerca
de R$ 46 milhões por mês para
realizar a coleta. Com o corte
no repasse, a prefeitura deve
economizar algo em torno de
R$ 18 milhões até o fim do ano.
Os contratos do lixo foram
fechados em 2004, último ano
da gestão Marta Suplicy (PT).
Na época, foram criticados pela
oposição em razão da longa duração: 20 anos. O sucessor da
petista no cargo, o hoje governador José Serra (PSDB), tentou cancelar o acordo por meio
de ação judicial, sem sucesso.
Kassab, ao assumir a cidade,
mudou os termos dos contratos. O prefeito passou a pagar
uma quantia menor para as
concessionárias. Em troca,
adiou os investimentos que
elas teriam de fazer no setor.
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