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MEIO AMBIENTE
Produto estava sendo despejado no canal que liga a lagoa dos Patos ao mar; pesca na região está proibida
Justiça suspende despejo de ácido no RS
LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre
O despejo de ácido sulfúrico do
navio Bahamas no canal que liga a
lagoa dos Patos ao mar, no porto
de Rio Grande, está suspenso até
amanhã devido a liminar concedida pelo juiz Ricardo Nske, da 1ª
Vara Federal de Rio Grande.
A decisão, tomada anteontem,
foi motivada pela ação do grupo
ambientalista Greenpeace, que se
reuniu com integrantes do Ministério Público e lhes repassou alguns dados sobre os danos ecológicos causados pelo despejo do
ácido sulfúrico no canal.
Ontem, a administração do porto determinou, também, a transferência das cem toneladas de óleo
diesel acumuladas no navio para
caminhões-tanque, evitando o
despejo na água junto com as 12
mil toneladas de ácido existentes
no Bahamas.
Além da denúncia do Greenpeace, segundo a qual as autoridades
portuárias optaram pelo derrame
em vez de adotar soluções menos
prejudiciais (e mais onerosas) ao
meio ambiente, o delegado da Polícia Federal Glauber Diehl revelou
haver indícios de que o acidente
possa ter sido uma forma de a empresa suíça Chemoil International, responsável pelo navio, conseguir o dinheiro do seguro.
Alternativas
As outras alternativas, segundo
o grupo ambientalista, teriam sido
a utilização de um tanque vitrificado para transfusão do ácido ou
o reboque da embarcação para alto-mar.
Um dos motivos que levaram o
delegado da Polícia Federal Glauber Diehl à suspeita é o fato de a
memória do computador de bordo ter sido apagada.
Nessa memória, havia duas informações sobre as quais o Greenpeace faz outras acusações, como
o fato de o navio nunca ter passado por uma vistoria e ter limitado
seu trajeto a portos com legislação
pouco rígida.
O seguro, de acordo com o delegado, é avaliado em cerca de US$
75 mil.
Se a opção da Capitania dos Portos fosse a de recorrer à transferência da carga para um tanque vitrificado ou ao reboque do navio,
os custos ficariam entre R$ 3,6 milhões e R$ 12 milhões.
Ou seja, nas duas hipóteses, há
suspeita de que o vazamento, com
danos ao meio ambiente e prejuízos financeiros aos 6.500 pescadores da região, atenderia a interesses meramente econômicos. O
derrame do ácido, um produto extremamente tóxico, já provocou a
morte de peixes na região e a pesca
está proibida.
Outro lado
O advogado da empresa suíça
Chemoil International, Renato
Caetano, limitou-se a dizer que, se
a Polícia Federal tem essas suspeitas, deve apresentar provas.
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