São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2011 |
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Abrigo opõe moradores e Promotoria em Pinheiros Grupo afirma não querer moradores de rua por perto; promotor vê preconceito Unidade na Cardeal Arcoverde sairá de lugar com menos comércio para área mais movimentada DE SÃO PAULO O Ministério Público pediu à polícia para investigar se moradores de Pinheiros, na zona oeste paulistana, cometeram crime de intolerância social ao se dizer contrário à reinstalação de um albergue na rua Cardeal Arcoverde. Um grupo colheu 1.104 assinaturas e entrou com uma representação pedindo que o albergue não fosse transferido, pois isso provocaria "um verdadeiro impacto". Hoje, o albergue fica na mesma rua, em trecho com menos comércio, a 1 km do número 1.968, para onde a prefeitura vai transferi-lo. A representação, assinada por comerciantes e moradores, afirma: "O comércio possivelmente não vai sobreviver uma vez que a população local será acuada em suas residências e os visitantes de outros bairros vão nos trocar por outros centros comerciais mais tranquilos e seguros." O promotor Mauricio Antonio Ribeiro Lopes, que indeferiu o pedido, escreveu que os moradores "nada teriam a objetar se o referido albergue fosse instalado no último rincão da periferia da cidade (...), mas incomoda-os, profundamente, ter na vizinhança indesejáveis moradores de rua". Ele pediu que a delegacia especializada em crimes de intolerância (Decradi) abrisse um inquérito, por ver indícios de intolerância social, que comparou ao nazismo. "Há uma demonstração já ativa de preconceito", disse o promotor à Folha. "Vi com muita preocupação os argumentos para impedir a mudança, dizendo que o local tem criança, tem idosos, vai aumentar a criminalidade. Começa assim [o pensamento nazista]." A aposentada Nympha Centeno, 85, faz parte do grupo. Ela mora em frente à futura sede do abrigo e diz que não há preconceito por parte dos moradores. "Todos nós temos um pouquinho de sangue de negro", afirma. "Aqui não é lugar para ter albergue. Olha esse trânsito. Vai ter atropelamento à vontade". SÓ DORMIR O morador de rua Reginaldo Aparecido Lima, 46, um dos 11 na fila para entrar no albergue antigo, disse que foi pego de surpresa pela polêmica. "O pessoal é da paz. Eu mesmo trabalho, só não tenho onde dormir", diz. A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social disse que não iria comentar o episódio. A Secretaria de Estado da Segurança Pública disse que, até ontem à noite, o pedido de investigação feito pelo promotor não havia chegado à Decradi. (CRISTINA MORENO DE CASTRO E NATÁLIA CANCIAN) Texto Anterior: Augusta: Seguranças de boate são condenados por deixar cliente cego Próximo Texto: Unidade para moradores de rua é contestada Índice | Comunicar Erros |
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