São Paulo, quinta, 15 de outubro de 1998

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SAÚDE
Mutirão, que acontece no próximo domingo, vai atender doentes com mais de 50 anos em três hospitais da cidade
SP tenta combater cegueira em diabético

CARLA CONTE
da Reportagem Local

Um mutirão em três hospitais de São Paulo deverá atender no próximo domingo aproximadamente 20 mil pacientes diabéticos para prevenir a cegueira.
Na capital, segundo estimativas, há cerca de 600 mil diabéticos. De 10% a 20% deles desenvolvem cegueira, uma das principais consequências do diabetes.
A partir das 8h, a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), a Santa Casa de São Paulo e Hospital do Servidor Público Estadual estarão atendendo pacientes com mais de 50 anos que tenham a doença por mais de cinco anos. Serão feitos gratuitamente exame de dilatação da pupila e mapeamento da retina para verificar se o diabetes afetou a região ocular.
Após os exames, os pacientes poderão fazer aplicação de laser, que impede a evolução do diabetes ocular. "Não são todos os pacientes que têm indicação para fazer aplicação de laser. Alguns deles, só precisam de acompanhamento", afirma Rubens Belfort Júnior, professor titular de oftalmologia da Unifesp, um dos coordenadores do mutirão.
Segundo ele, o principal objetivo do mutirão é evitar a evolução da cegueira nos diabéticos. "A cegueira começa a aparecer mais nos pacientes que têm a doença por mais de cinco anos. É importante fazer um controle rígido da doença e da taxa de glicose."

Açúcar
O diabetes surge em decorrência da alta concentração de açúcar no sangue, devido à falta de produção de insulina pelo pâncreas ou ausência de ação da insulina.
A doença ataca principalmente vasos sanguíneos (veias e artérias), podendo provocar a gangrena em algumas regiões do corpo, como, por exemplo, pés e braços, em decorrência de má circulação.
Além da cegueira, a doença também pode provocar infarto e insuficiência renal (veja quadro).
O diabetes afeta a visão porque os vasos sanguíneos são atingidos e liberam substâncias que afetam a retina, podendo levar à cegueira.
"O paciente não fica cego da noite para o dia. Mas o doente precisa fazer um acompanhamento para evitar a evolução da doença", afirma Isaac Neustein, diretor de oftalmologia do Hospital do Servidor Público Estadual.
Segundo Antonio Roberto Chacra, professor titular de endocrinologia da Unifesp, todos os diabéticos devem fazer anualmente exame de fundo de olho. "Se detectar alguma alteração, poderá ser feita a aplicação de laser, que poderá impedir a cegueira."

Tipos
Há dois tipos de diabetes. Um deles afeta principalmente jovens e crianças, que precisam tomar insulina para diminuir a taxa de glicose no sangue. Nesse caso, o pâncreas não produz a insulina.
No outro caso, a doença ataca pessoas com mais de 45 anos. O pâncreas produz a insulina, mas ela não age no organismo. Nesse caso, os pacientes precisam tomar remédios, fazer controle na alimentação e exercícios.
Os principais sintomas são excesso de fome, sede e urina e cansaço. O fator genético é um dos principais responsáveis pelo aparecimento da doença, mas há também outros fatores de risco, como obesidade, vida sedentária, estresse e gravidez.
O mutirão é uma iniciativa da Secretaria da Saúde de São Paulo e do Ministério da Saúde. Inicialmente, o programa será implantado em São Paulo, mas deve ser expandido para outros Estados.
A próxima cidade a ter o mutirão contra diabetes ocular deve ser o Rio de Janeiro, mas ainda não há data prevista.



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