São Paulo, quinta, 15 de outubro de 1998

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Violência tira R$ 235 mi por ano do SUS

FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local

Os hospitais da rede pública gastam cerca de R$ 235 milhões a cada ano com internações na rede do SUS (Sistema Único de Saúde) por causas relacionadas à violência. O valor representa 1,2% de todo o orçamento do Ministério da Saúde para 1998.
Para compor o valor foram computadas internações provocadas pela violência acidental (principalmente acidentes de trânsito, domésticos e de trabalho) e intencional (agressões, tentativas de homicídio e envenenamentos, entre outros).
Não foram considerados os serviços realizados em prontos-socorros e nem o atendimento posterior do paciente (novos exames ou tratamentos). Logo, o valor total das despesas na área de saúde com violência é muito maior que o gasto apenas com as internações.
A informação consta do dossiê que o CRM (Conselho Regional de Medicina) divulga hoje, em evento que também vai marcar o lançamento de uma nova etapa da campanha Sou da Paz, promovida por estudantes de São Paulo.
O documento de 64 páginas, elaborado pelo CRM em parceria com a APM (Associação Paulista de Medicina) e os sindicatos médicos do Estado, faz o cruzamento de várias pesquisas realizadas no país nesta década para discutir o atendimento a pessoas que sofreram algum tipo de violência.
E, dos números obtidos, pesquisadores que trabalham com saúde e violência chegaram a algumas conclusões.
"A pequena verba paga para cada cidadão é baixa e tem reflexos no atendimento", diz a socióloga Suely Deslandes, que coordenou uma pesquisa, concluída no ano passado, pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro, que faz parte do dossiê do CRM.
Os dados da Fiocruz, coletados em dois grandes hospitais públicos do Rio -Miguel Couto e Salgado Filho-, mostram que o custo médio para o atendimento de uma vítima de bala perdida é de R$ 267. No entanto, o gasto médio anual da União com saúde era de apenas R$ 97 per capita, em 1997.

Sou da Paz
A campanha Sou da Paz, promovida por estudantes universitários, inicia hoje uma nova fase voltada para combater a violência contra crianças e adolescentes.
"Vamos divulgar as boas iniciativas que já existem e conscientizar a população, por meio de um trabalho com entidades não-governamentais, para a necessidade de ações práticas para reduzir a violência", diz Denis Mizne, ex-presidente do Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, e um dos organizadores da campanha.



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