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Violência tira R$ 235 mi por ano do SUS
FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local
Os hospitais da rede pública gastam cerca de R$ 235 milhões a cada ano com internações na rede do
SUS (Sistema Único de Saúde) por
causas relacionadas à violência. O
valor representa 1,2% de todo o
orçamento do Ministério da Saúde
para 1998.
Para compor o valor foram computadas internações provocadas
pela violência acidental (principalmente acidentes de trânsito,
domésticos e de trabalho) e intencional (agressões, tentativas de
homicídio e envenenamentos, entre outros).
Não foram considerados os serviços realizados em prontos-socorros e nem o atendimento posterior do paciente (novos exames
ou tratamentos). Logo, o valor total das despesas na área de saúde
com violência é muito maior que o
gasto apenas com as internações.
A informação consta do dossiê
que o CRM (Conselho Regional de
Medicina) divulga hoje, em evento
que também vai marcar o lançamento de uma nova etapa da campanha Sou da Paz, promovida por
estudantes de São Paulo.
O documento de 64 páginas, elaborado pelo CRM em parceria
com a APM (Associação Paulista
de Medicina) e os sindicatos médicos do Estado, faz o cruzamento
de várias pesquisas realizadas no
país nesta década para discutir o
atendimento a pessoas que sofreram algum tipo de violência.
E, dos números obtidos, pesquisadores que trabalham com saúde
e violência chegaram a algumas
conclusões.
"A pequena verba paga para cada cidadão é baixa e tem reflexos
no atendimento", diz a socióloga
Suely Deslandes, que coordenou
uma pesquisa, concluída no ano
passado, pela Fiocruz (Fundação
Oswaldo Cruz), no Rio de Janeiro,
que faz parte do dossiê do CRM.
Os dados da Fiocruz, coletados
em dois grandes hospitais públicos do Rio -Miguel Couto e Salgado Filho-, mostram que o custo médio para o atendimento de
uma vítima de bala perdida é de
R$ 267. No entanto, o gasto médio
anual da União com saúde era de
apenas R$ 97 per capita, em 1997.
Sou da Paz
A campanha Sou da Paz, promovida por estudantes universitários, inicia hoje uma nova fase voltada para combater a violência
contra crianças e adolescentes.
"Vamos divulgar as boas iniciativas que já existem e conscientizar a população, por meio de um
trabalho com entidades não-governamentais, para a necessidade
de ações práticas para reduzir a
violência", diz Denis Mizne,
ex-presidente do Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade
de Direito da USP, e um dos organizadores da campanha.
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