São Paulo, sábado, 15 de novembro de 1997.



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PERIGO
Artesã ia alimentar o animal no canil quando foi mordida em todo o corpo, com exceção do rosto e da cabeça
Cão rottweiler ataca e mata mulher

RENATO KRAUSZ
da Reportagem Local

A artesã Sônia Hosti, 50, morreu anteontem após ser atacada por um cão rottweiler no sítio Currupira, em Santa Isabel (Grande São Paulo), onde morava. O ataque ocorreu às 6h40, quando Sônia entrou no canil para alimentar o cão.
Sônia sofreu mordidas em todo o corpo, com exceção do rosto e cabeça. O ferimento mais grave foi na perna esquerda, que teve a artéria femoral rompida.
A artesã foi levada para a Santa Casa de Santa Isabel, onde chegou por volta das 8h. No hospital não havia sangue para transfusão. Às 11h40, Sônia morreu.
Ela morava no sítio havia dois anos com um filho de 11 anos, o pai, de 85, um irmão e a cunhada. O sítio pertence ao empresário Dagoberto Vieira, cunhado de Sônia, que mora em São Paulo.
A família não quis comentar o caso. Os parentes disseram à polícia que Sônia estava acostumada a cuidar do cachorro.
O motivo do ataque é um mistério. Os familiares levantaram a hipótese de Sônia ter entrado no canil segurando um gato -além do rottweiler, Sônia cuidava de seis gatos e dois cachorros vira-latas.
A artesã foi encontrada pela cunhada Edna Ferrati Amadeu Hosti caída no canil às 7h.
Segundo o delegado titular de Santa Isabel, Jorge Vidal Pereira, Edna disse que Sônia estava consciente e podia conversar.

Sacrificado
O cachorro foi morto ontem pelo caseiro do sítio. O nome do cão era Cone. Ele tinha 5 anos e aproximadamente 50 kg.
Para o adestrador de cães Glauco Barreto Sartori, 27, o rottweiler é dócil com o dono e pode ser violento com estranhos.
A mordida de um animal dessa raça é a mais forte que existe.
"A família pensou em doá-lo para a Polícia Militar, mas mudou de idéia", disse o delegado Pereira.
Para matá-lo, foram dados nove tiros, mas o cão continuou vivo. O caseiro precisou usar uma foice.
O delegado abriu inquérito para apurar a morte de Sônia. Segundo ele, o cunhado da artesã, dono do sítio, não pode ser responsabilizado pela morte.
"O cão estava dentro do canil, que tinha boas condições de segurança. A vítima entrou dentro do canil, como estava acostumada a fazer", afirmou.

Negligência
Pereira disse que a polícia vai investigar se houve negligência do hospital. "A família me falou que o sangue só chegou quando Sônia já estava morta."
O diretor clínico da Santa Casa de Santa Isabel, Vicente José Restanho, disse que o sangue chegou por volta das 10h e foi aplicado na paciente.
Segundo ele, o hospital não tem banco de sangue e, sempre que precisa, tem de pedir para o banco de Mogi das Cruzes (Grande SP).
De acordo com Restanho, o hospital só tem guardadas as sobras de outros pedidos, que são estocadas até o prazo de validade. Mas não havia o tipo de sangue de Sônia, B positivo.
"Ela perdeu muito sangue no caminho. Mas não morreu por causa da falta de sangue. Ela teve duas paradas cardíacas e uma respiratória", afirmou Restanho. "Nós usamos soro para aumentar o volume da corrente sanguínea."



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