São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2000

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URBANIDADE
Metrô de executivo

GILBERTO DIMENSTEIN

Imagine a possibilidade de voar de avião sem enfrentar os congestionamentos das marginais e da avenida 23 de Maio.
Imagine ainda que essa obra exija R$ 350 milhões, mas que o contribuinte não desembolse um único centavo. Impossível?
Se depender de uma proposta em estudo por empresários japoneses, interessados em faturar com o suplício do trânsito paulistano, não é.
Perde-se cada vez mais tempo no caminho até os aeroportos de Cumbica ou Congonhas. Já não é raro, na hora do rush, um viajante sair dos Jardins, por exemplo, em direção a Guarulhos e levar duas horas para percorrer cerca de 30 km -é o que demora para chegar a Salvador de avião.
A Secretaria dos Transportes Metropolitanos aguarda, ainda para este ano, uma resposta de empresários japoneses, interessados em explorar uma linha de 40 quilômetros interligando três aeroportos: Congonhas, Campo de Marte e Cumbica.
Seriam, ao todo, seis paradas na linha, que teria uma faixa especial junto ao tráfego dos automóveis. Desenvolvido no Japão, o trem percorreria um elevado e, em alguns pontos, iria para debaixo da terra.
A construção dessa linha está inserida no projeto do governo de São Paulo para unificação de todos os sistemas de transporte.
"Tecnicamente é viável. É um bom negócio para todos os lados", afirma Cláudio Senna, secretário dos Transportes Metropolitanos, na expectativa da resposta positiva dos japoneses.
Os japoneses calcularam que, por dia, os trens levariam 200 mil pessoas -uma parte delas usaria o serviço para se deslocar apenas dentro da cidade.
A passagem não seria barata, se comparada ao ônibus ou ao metrô: R$ 5,00. Uma bagatela, entretanto, para quem pega um táxi, que gasta em média R$ 50, e ainda por cima se desespera no congestionamento.
Na visão dos técnicos na Secretaria dos Transportes Metropolitanos, essa linha é estratégica para a cidade de São Paulo. Não pelo número de pessoas que beneficiaria, mas pela importância econômica dos passageiros.
O desenvolvimento da vocação de cidade internacional depende, em parte, de sua qualidade de vida e da fácil circulação para o fechamento de negócios.

E-mail - gdimen@uol.com.br


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