São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2000

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RIO
Dados do Anuário Estatístico indicam que a economia fluminense cresceu 17,7% de 94 a 98; 12% da população tem mais de 60 anos
Estado chega ao fim do século mais rico e mais velho

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O Rio de Janeiro chega ao final dos anos 90 com mais riquezas, uma população mais velha e problemas graves como a falta de saneamento básico -43,7% dos domicílios do Estado não têm acesso à rede de esgoto.
Os dados são do Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro (1999-2000), divulgado ontem pela Fundação Cide (Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro). Pelos números, a economia fluminense cresceu 17,7% de 94 a 98, quando a economia do país teve crescimento de 10,7%.
De 94 para 99, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) chegou a 20% (de R$ 103,9 bilhões para R$ 125 bilhões). De 98 para 99, o PIB cresceu 2,21%, enquanto o nacional cresceu 1,01%. Nesse mesmo período, a renda média mensal no Rio -embora tenha crescido na década- caiu 7,6%: baixou de R$ 692 para R$ 639. Em todo o país, o rendimento médio mensal caiu de R$ 565 em 98 para R$ 525 no ano passado (7,07%).
Isso é, na avaliação do Cide, um indicador da concentração de renda no Rio, embora não estivessem disponíveis indicadores específicos sobre isso. A riqueza aumentou, mas não foi distribuída.
"O rendimento médio é rendimento do trabalho, enquanto o PIB é valor de riqueza total, que provém de alguns setores e não necessariamente é distribuída. Há um contigente de excluídos que não participa desse processo", diz Waldir Peres, diretor do Cide.
Peres diz que a taxa de domicílios com acesso à rede coletora de esgoto, embora seja de apenas 56,3%, ainda está acima da média nacional (43,6% em 1999). Entre as escolas localizadas no Rio, 27,69% não estão ligadas à rede pública de esgoto. "A falta de esgoto é hoje um dos principais problemas do país", afirma.
A população do Estado (acompanhando uma tendência nacional) reduziu o crescimento e envelheceu. A taxa de crescimento populacional é de 0,9% ao ano, quando a média nacional é de 1,4%. A população com mais de 60 anos representa 12% da população do Estado, enquanto, em todo o país, essa faixa etária representa cerca de 9% da população.
Os dados do anuário são obtidos a partir das Pnads (Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios) feitas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e de informações fornecidas por órgãos e secretarias estaduais.
O anuário (R$ 50) pode ser comprado no Cide, no Palácio Guanabara, em Laranjeiras (zona sul). Os dados estão disponíveis no site www.cide.rj.gov.br.
A região metropolitana do Rio, onde estão cerca de 75,5% da população do Estado, concentra os investimentos e problemas como homicídios e déficit habitacional.
Em 99, dos 11,6 bilhões investidos no Rio, 8,4 bilhões (72,4%) ficaram nessa região. "Acho que hoje o maior problema do Rio é a concentração de população e problemas na região metropolitana. Isso dificulta a distribuição de renda", afirma o diretor-executivo do Cide, Epitácio Brunet.


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