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São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2003

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VIOLÊNCIA

Em nova versão apresentada ontem, policiais dizem que adolescente matou Liana; faca utilizada em assassinato foi achada

Para a polícia, menor idealizou crimes

DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia apresentou ontem o que acredita ser a versão definitiva do assassinato do casal de namorados Felipe Silva Caffé, 19, e Liana Friedenbach, 16. Os dois tinham ido acampar, escondidos dos pais, em um sítio abandonado na região de Embu-Guaçu, na Grande São Paulo.
Segundo a polícia, o menor R.A.A.C., de 16 anos, idealizou os crimes e assassinou Liana sozinho, com mais de 15 facadas, na madrugada do dia 5, uma quarta-feira. Os jornalistas não puderam falar com nenhum dos cinco acusados para verificar a versão apresentada pelos policiais, e os presos ainda não têm advogados.
Antes desse roteiro final, houve várias versões divulgadas pela polícia, sempre com base em depoimentos de envolvidos (principalmente R.), segundo os policiais.
Ontem, a polícia mostrou a faca com que Liana teria sido assassinada, a cápsula da bala que matou Felipe e a calça usada pelo menor, conhecido como Xampinha, na hora da morte da adolescente.
A polícia informou que foi tudo encontrado em um poço perto da casa de R., no vilarejo de Santa Rita, após indicação dele. Um laudo do Instituto de Criminalística revelou que uma espingarda apreendida na casa de um dos presos teve disparo recente.

O que aconteceu
De acordo com a polícia, o primeiro contato do casal com seus algozes aconteceu ao meio-dia de 1º de novembro, um sábado, quando Felipe e Liana caminhavam e passaram pelo menor e por Paulo César da Silva, 32, o Pernambuco, que caçavam na região.
Por volta das 19h, eles voltaram ao sítio, renderam o casal e levaram os dois para a casa de Antônio Caitano Silva, 50, um dos presos. Como ele não estava, ficaram lá. Para os policiais, ao saber que Felipe não tinha dinheiro, R. e Pernambuco decidiram matá-lo.
Nessa versão, Pernambuco teria atirado em Felipe, no domingo, dia 2, e, depois, fugido para São Paulo. Depois da descoberta dos corpos, na segunda passada, pegou um ônibus para ir a Pernambuco, onde foi preso.
R. então ficou sozinho com Liana até as 14h de segunda, dia 3, quando chegaram Antônio Caitano e Agnaldo Pires, 41, outro preso. Os quatro, segundo a polícia, foram para a casa do quinto envolvido, Antônio Matias de Barros, 48, onde pescaram e cozinharam. No dia seguinte, voltaram para a primeira casa os dois Antônios, Xampinha e Liana.
Por volta das 3h da quarta-feira, dia 5, R. andou com Liana pela região e a levou até o ponto onde matou a adolescente, de acordo com a polícia. Horas mais tarde, voltou para a casa da mãe, que não percebeu nada de estranho.
Segundo a polícia, R., Pernambuco e Agnaldo estupraram Liana. O menor só foi preso na segunda da semana seguinte (dia 10), na casa de uma parente, após conversas da região chegarem ao pai de Liana, Ari Friedenbach, que acionou a polícia.
Antônio Caitano soube do que se passava e não fez nada para impedir, sendo uma espécie de "carcereiro". Os policiais não confirmam se Antônio Matias sabia o que realmente acontecia, mas dizem que ele chegou a desconfiar e não fez nada. Foi em sua casa que a polícia achou a espingarda.
Pernambuco apareceu ontem com um machucado no rosto que não tinha quando foi preso.
Segundo a Secretaria da Segurança, ele se machucou ao ser transportado para a delegacia. Pelo relato do órgão, o preso confirmou o ocorrido a um promotor. A Folha não conseguiu falar com o preso nem com o promotor.


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