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VIOLÊNCIA
Casa, no Jardim Europa (zona oeste de SP), pegou fogo; ambas tinham marcas de tiro, mas arma não foi encontrada
Mãe e filha são encontradas mortas em casa
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
O sobrado número 124 da rua
França, no Jardim Europa, bairro
de classe alta da zona oeste de São
Paulo, esconde um mistério: se
Mirian Fonseca Smith, 61, matou
a tiros a mãe doente, Maria Aparecida Fonseca Smith, 85, depois
ateou fogo ao casarão e usou a
mesma arma para se matar.
As duas foram encontradas
mortas anteontem à noite, depois
de o vigia da rua, Simão Cardoso
dos Santos, 24, perceber que o incêndio se alastrava pelo andar superior, por volta das 19h30, e chamar o Corpo de Bombeiros.
Um detalhe impede a polícia de
dizer se houve assassinato seguido de suicídio: a arma do crime,
provavelmente uma pistola de pequeno calibre, compatível com os
ferimentos de ambas, não foi localizada. Segundo o delegado
Mauro Guimarães Soares, do 15º
DP, a hipótese menos possível, até
agora, é que uma terceira pessoa
tenha estado na casa e matado as
duas. "Encontrar a arma é o que
falta para dizer o que houve."
Mãe e filha moravam sozinhas
no sobrado e enfrentavam dificuldades financeiras, segundo amigos. Mirian cuidava de Maria
Aparecida, que tinha mal de Alzheimer e havia quebrado uma
vértebra, o que a mantinha na cama o tempo todo. As duas não teriam contato com parentes.
Na casa, paredes com infiltração
e reboco deteriorado revelavam o
abandono. Espalhados aqui e ali,
no corredor e na cozinha, latas de
refrigerante, pacotes de pão de
fôrma e biscoitos. Na geladeira,
duas panelas de arroz, meia dúzia
de ovos, pacotes de presunto e de
queijo, margarina, maionese e um
saco de acerolas congeladas.
Quando os bombeiros chegaram, a filha estava caída no segundo andar, perto do quarto da mãe.
Parte do teto desmoronou, um
pedaço do chão desabou.
Ao levar Mirian para fora, bombeiros notaram quatro marcas de
tiro do lado esquerdo do peito dela. Havia marca de sangue no corrimão da escada e em outros pontos da casa. Sobre a cama do quarto -onde o fogo foi mais intenso- estava o corpo da Maria
Aparecida, quase carbonizado.
Controlado o fogo no sobrado,
policiais encontraram em uma sala cerca de 80 latas de querosene,
provavelmente o que deu início
ao fogo, e um registro de arma em
nome de Mirian -uma pistola
calibre 6,35-, comprada em 86,
mais três cápsulas deflagradas.
Novas pistas surgiram na delegacia, quando o caso era registrado como morte a esclarecer. De
madrugada, a psicóloga de Mirian
entregou uma carta que recebera
dela há dois dias, em que ela relatou estar cada vez mais difícil cuidar sozinha da mãe e que se sentia
cansada da vida. No mesmo dia,
Mirian entregou a cachorra de estimação para a psicóloga cuidar.
Mãe e filha tinham marcas de tiros de calibre parecido e sinais de
queimaduras, diz o Instituto Médico Legal. Para peritos, Mirian
pode ter dado quatro tiros contra
o peito para tentar se matar.
Maria Aparecida estava morta
havia vários dias (de cinco a dez) e
Mirian morrera poucas horas antes da autópsia. "A filha pode ter
planejado tudo", disse o delegado.
Ontem a polícia voltou à casa,
mas nada foi encontrado.
Colaborou o "Agora"
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