São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

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Aquartelados consideram haver risco à segurança aérea

Segundo os profissionais, convocação funcionará como "bomba de efeito retardado'

Já a Aeronáutica afirma que a legislação sobre jornada de trabalho e descanso será respeitada; férias e folgas foram suspensas

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Aeronáutica determinou ontem o aquartelamento de todos os controladores de tráfego aéreo de Brasília para contornar a crise aérea. Isso significa que eles ficarão reclusos no quartel, à disposição dos seus superiores. A medida é por tempo indeterminado.
Segundo os profissionais, a medida coloca em risco a segurança dos vôos e funcionará apenas como uma "bomba de efeito retardado".
A determinação é a mais dura desde que começou a operação-padrão da categoria, que consiste em respeitar rigorosamente os padrões internacionais de segurança para o controle aéreo. Com os desfalques de pessoal por licença médica ou afastamento pelas investigações do acidente do vôo 1907, o resultado foi o chamado "apagão aéreo", série de atrasos e cancelamento com efeito cascata em todo o país.
Em nota, a Aeronáutica confirma o acionamento do "plano de reunião" do Cindacta-1 -convocação imediata de uma unidade militar por situação especial ou de emergência- e afirma que o objetivo é "normalizar as escalas de serviço".
Segundo controladores que pedem para não serem identificados por temer represálias, a Aeronáutica determinou que todos os profissionais que monitoram a região Rio no Cindacta-1 permaneçam no Comar, área militar ao lado do aeroporto onde também funciona o Centro de Controle Aéreo.
Muitos controladores de outros dois grupos, região Brasília e região São Paulo, optaram por ficar em solidariedade. Brasília tem 149 controladores e supervisores. Não se sabe quantos estavam aquartelados.

Exceção
A convocação só não foi aplicada ao grupo de oito controladores que estão afastados por ligação com o acidente da Gol. Os profissionais em licença foram chamados. Beliches foram levados para o local para equipar o chamado "Cassino", hotel de trânsito dentro do Comar.
Operadores foram unânimes ao dizer que a segurança do controle aéreo ficará prejudicada, porque quase todos os profissionais estão com a carga horária mensal de 144 horas para novembro quase cumprida.
Com o aquartelamento, os controladores de Brasília estimam que vão trabalhar entre 200 e 300 horas neste mês, acima do que consideram seguro. Já a Aeronáutica diz que a legislação sobre jornada de trabalho e descanso será respeitada. Férias em novembro, dezembro e janeiro foram canceladas, e não serão concedidas folgas.


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