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Aquartelados consideram haver risco à segurança aérea
Segundo os profissionais, convocação funcionará como "bomba de efeito retardado'
Já a Aeronáutica afirma que a legislação sobre jornada de trabalho e descanso
será respeitada; férias e folgas foram suspensas
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Aeronáutica determinou
ontem o aquartelamento de todos os controladores de tráfego
aéreo de Brasília para contornar a crise aérea. Isso significa
que eles ficarão reclusos no
quartel, à disposição dos seus
superiores. A medida é por
tempo indeterminado.
Segundo os profissionais, a
medida coloca em risco a segurança dos vôos e funcionará
apenas como uma "bomba de
efeito retardado".
A determinação é a mais dura
desde que começou a operação-padrão da categoria, que consiste em respeitar rigorosamente os padrões internacionais de segurança para o controle aéreo. Com os desfalques
de pessoal por licença médica
ou afastamento pelas investigações do acidente do vôo 1907, o
resultado foi o chamado "apagão aéreo", série de atrasos e
cancelamento com efeito cascata em todo o país.
Em nota, a Aeronáutica confirma o acionamento do "plano
de reunião" do Cindacta-1
-convocação imediata de uma
unidade militar por situação
especial ou de emergência- e
afirma que o objetivo é "normalizar as escalas de serviço".
Segundo controladores que
pedem para não serem identificados por temer represálias, a
Aeronáutica determinou que
todos os profissionais que monitoram a região Rio no Cindacta-1 permaneçam no Comar, área militar ao lado do aeroporto onde também funciona
o Centro de Controle Aéreo.
Muitos controladores de outros dois grupos, região Brasília
e região São Paulo, optaram por
ficar em solidariedade. Brasília
tem 149 controladores e supervisores. Não se sabe quantos estavam aquartelados.
Exceção
A convocação só não foi aplicada ao grupo de oito controladores que estão afastados por
ligação com o acidente da Gol.
Os profissionais em licença foram chamados. Beliches foram
levados para o local para equipar o chamado "Cassino", hotel
de trânsito dentro do Comar.
Operadores foram unânimes
ao dizer que a segurança do
controle aéreo ficará prejudicada, porque quase todos os profissionais estão com a carga horária mensal de 144 horas para
novembro quase cumprida.
Com o aquartelamento, os
controladores de Brasília estimam que vão trabalhar entre
200 e 300 horas neste mês, acima do que consideram seguro.
Já a Aeronáutica diz que a legislação sobre jornada de trabalho
e descanso será respeitada. Férias em novembro, dezembro e
janeiro foram canceladas, e não
serão concedidas folgas.
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