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Antes da intervenção, clima era tenso entre categoria e oficiais
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A crise no Cindacta-1, em
Brasília, gerou, nas últimas
duas semanas, um ambiente de
animosidade entre controladores militares de vôo (sargentos
e suboficiais) e oficiais responsáveis pelo sistema.
Em menores patentes na hierarquia militar, os controladores também têm se insurgido
contra determinações de seus
superiores para, segundo eles,
não quebrarem normas internacionais de segurança de vôo.
De acordo com o relato de
três controladores de vôo à Folha, o episódio mais grave ocorreu no domingo. Um sargento,
controlador de vôo, não aceitou
que dois militares que não teriam habilitação para atuar na
função -são do sistema de defesa aérea- reforçassem a
equipe responsável pelo monitoramento do espaço entre
Brasília e Rio, incompleta.
Segundo o relato de quatro
controladores, existe uma
orientação do Comando da Aeronáutica de negar novas dispensas médicas. O atendimento fornecido por sete psicólogos militares que se revezam
dentro do centro de controle
consistiria em conversas e, no
máximo, na liberação do turno.
Os hospitais militares estariam
seguindo o mesmo padrão.
A Aeronáutica não respondeu os questionamentos da reportagem sobre a questão e não
revela quantos controladores
estão com licença já concedida.
Os controladores ouvidos dizem que há colegas trabalhando sob medicação controlada
que afeta a concentração e outros "travando" em frente ao
console. Continuam os relatos
de crises de choro e de raiva,
com o abandono do posto.
Outros estariam gripados ou
com sinusite grave -a sala é refrigerada e chega a 16C por
causa dos equipamentos. O endurecimento militar também
seria um fator de estresse. Muitos temem represálias e afirmam que estão sendo vigiados
ou grampeados. Ainda há abalos relacionados ao trauma do
acidente com o avião da Gol.
A comparação usada por um
controlador foi a de que estão
sendo obrigados a raciocinar
como em um jogo de xadrez,
mas que um erro equivale a um
"incidente" aéreo (aproximação perigosa de dois aviões).
Na última sexta, o ex-comandante do Cindacta-1, coronel
Lúcio Rivera, teria tentado um
"apelo emocional" para que os
controladores voltassem a trabalhar normalmente. No entanto, segundo um controlador
presente, a estratégia falhou.
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