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Estado deve pagar dívida do Incor, diz fundação
SP descumpriu promessa de ressarcir gasto com anexo, segundo a instituição
Solução solicitada por Lula
a dois ministérios não
foi apresentada; BNDES encaminha oferta de refinanciamento à Fazenda
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O prazo de 48 horas dado pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) para que os ministérios da Fazenda e da Saúde
dessem "solução" à crise do
Instituto Coração de SP venceu
ontem sem que saídas concretas fossem acertadas. Enquanto isso, a Fundação Zerbini, administradora do hospital e da
dívida de R$ 245 milhões, subiu
o tom contra o governo paulista, a que o Incor é subordinado.
O diretor-presidente da Zerbini, Aldemar Sabino, defendeu
publicamente que o Estado de
São Paulo assuma a dívida da
entidade. Também criticou o
secretário estadual da Saúde,
Luiz Roberto Barradas Barata,
que afirmou anteontem que caso não haja saída para a crise, o
Incor poderá ser repassado para outra fundação. A Folha não
conseguiu falar com Barradas.
"Não sei quais são as intenções do secretário. No mínimo
foi declaração precipitada, para
não dizer equivocada. As dívidas não são propriamente da
fundação, são principalmente
da construção do anexo 2 [do
Incor]. E o prédio é do governo
Estado", afirmou Sabino. "Se o
prédio é propriedade e patrimônio do governador do Estado, o Estado tem de pagar."
A fundação diz que a construção do anexo do Incor em
São Paulo endividou a entidade. Alega que o governo estadual não cumpriu promessa de
ressarcir os gastos que teve
com a obra. O Estado nega.
Segundo Sabino, a proposta
de transferência da dívida já foi
enviada no início do ano ao então governador Geraldo Alckmin (PSDB) e depois reiterada
ao seu substituto, Cláudio
Lembo (PFL). Sabino também
irá conversar com o governador eleito José Serra (PSDB).
""Aqueles que criaram a situação da dívida devem ajudar
a equacioná-la. A dívida não é
nossa", disse Lembo ontem.
Caso não haja acordo, Sabino
defende uma briga na Justiça.
Ele destacou, no entanto, que
qualquer medida contra o Estado teria de passar pelo conselho curador da Zerbini.
Presidente do conselho, Jorge Kalil diz que o assunto nunca foi tratado pelo órgão e que,
pessoalmente, é contra uma
briga judicial. "Para mim, é fora
de questão um conflito".
Sabino destacou que o auxílio federal poderá aliviar a crise, mas a Zerbini continuará
com dívida. Ontem, ele disse
ter enviado projeto para liberar
R$ 20 milhões via convênio
com a Saúde. O ministro Agenor Álvares negou tê-lo recebido. "Não temos possibilidade
de repassar nada sem que seja
precedido de projeto." Segundo ele, a proposta dependerá
ainda de aval da bancada paulista no Congresso.
Já o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), segundo a reportagem apurou, ofertou um
refinanciamento da dívida com
juros melhores -R$ 117 milhões do débito são com o banco-, mas não dinheiro novo. A
proposta está em análise pelo
ministro da Fazenda, Guido
Mantega.
Colaborou JOSÉ ERNESTO CREDENDIO , da Reportagem Local
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