São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

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51% dos brasileiros conhecem uma mulher que é agredida

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Metade da população brasileira (51%) conhece uma mulher que é ou foi agredida pelo companheiro, mostra pesquisa inédita do Ibope e do Instituto Patrícia Galvão -que desenvolve projetos sobre direitos da mulher. Foram feitas 2.002 entrevistas em maio deste ano em 142 municípios brasileiros.
Entre as mulheres, a percepção da violência é ainda maior: 54% afirmam conhecer uma outra mulher agredida. Os maiores índices de pessoas familiarizadas com o tema se concentram na faixa etária entre 25 e 29 anos (59%), de escolaridade superior (59%) e morador da periferia (57%). A margem de erro é de 2%.
O levantamento também mostra aumento do nível de preocupação com a violência doméstica nas periferias das grandes cidades. Passou de 43%, em 2004 -quando foi feita uma pesquisa semelhante-, para 56% em 2006.
Para Jacira Vieira de Melo, diretora do instituto, casos de violência contra a mulher ocorrem "todos os dias", mas só chamam a atenção da mídia quando ocorrem em locais de visibilidade, como o que envolveu o camelô André Ribeiro que, na sexta, seqüestrou um ônibus no Rio, bateu na ex-mulher e ficou mais de dez horas com a arma apontada para ela.
Para Melo, é preciso desmistificar a idéia de que o homem bate ou mata uma mulher por ciúmes. "São casos explícitos de violência, da crença de que a mulher é uma posse." Segundo Marcos Vinícius dos Santos Andrade, diretor da Escola Paulista de Magistratura, não há aumento da violência contra a mulher, o que ocorre seria uma maior atenção aos casos, especialmente após a sanção da Lei Maria da Penha Maia, em agosto último.
A nova lei mudou o Código Penal, permitindo que agressores sejam presos em flagrante ou tenham a prisão preventiva decretada. Entre 21/11 e 12/12, a escola de magistratura fará ciclo de palestras sobre o tema.
Para a procuradora de Justiça do Ministério Público de SP Luiza Nagib Eluf, a fidelidade é um dos valores que geram o alto índice de crimes passionais. "Ela tem uma importância relativa. Não deve ser supervalorizada. Tem gente que faz muito mal ao companheiro, muito mais do que uma pessoa infiel. Esse tabu gera criminalidade."


Colaborou MARIANA TAMARI , da Reportagem Local


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