Ele afirma que a oscilação é maior onde há alta concentração de prédios

Segundo o especialista, terremoto no Chile provavelmente deve ter refletido em outros Estados, mas pouca gente percebeu

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Não fossem os altos prédios, cidades como São Paulo e Brasília não teriam sentido o terremoto de ontem à tarde, no norte do Chile, que atingiu 7,7 na escala Richter.
"A alta urbanização é que faz terremotos como o de ontem no Chile serem percebidos pela população", disse à Folha George Sand de França, pesquisador e geógrafo do Observatório Sismológico da UnB (Universidade de Brasília).
Possivelmente, diz, o tremor deve ter ocorrido em várias outras regiões do país. Mas só no alto dos prédios é que a oscilação fica bastante evidente. Segundo ele, é normal isso ocorrer quando um fenômeno sísmico de alta intensidade surge na região dos Andes.
"A população não deve ficar alarmada. As ondas sísmicas trafegam e acabam sendo amplificadas com mais intensidade em bacias sedimentares, como a da capital." Isso ocorre pois o terreno é mais mole nesse tipo de formação geológica.
O terremoto de ontem no Chile tem a mesma explicação geológica que o do Peru, em agosto deste ano.
Duas das placas tectônicas que existem na Terra, a de Nazca, sob o Pacífico, e a Sul-Americana, no continente, convergem exatamente na costa oeste da América do Sul. Aquela região assiste, diariamente, ao choque tectônico. Terremotos intensos são produzidos quando ocorre um embate mais violento entre as duas placas. "Aquela zona é uma área com alta atividade sísmica. A energia liberada em episódios como o de ontem é muito grande", disse o pesquisador. Especialistas do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) da USP informaram que o tremor como o registrado ontem não é raro -há registros semelhantes pelo menos uma vez por ano. Para o instituto, a diferença é que, dessa vez, mais pessoas perceberam o fenômeno.