São Paulo, quinta-feira, 15 de novembro de 2007

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"Diz-que-me-diz" cria fantasias sobre conseqüências do tremor

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para muita gente que não sentiu o tremor, ele se transformou até em "terremoto". Como sempre, o diz-que-me-diz potencializou as conseqüências do abalo.
Mario Milanello, coordenador-geral do Poupatempo da praça Alfredo Issa, suspendeu as atividades do prédio por meia hora "para ver o que era". 240 pessoas deixaram o lugar, mas ali ninguém sentiu "propriamente nada".
"Tenta ir aqui do lado, no prédio garagem", sugere Milanello. O supervisor da garagem, delegado Gilberto Fernandes, tenta devolver a reportagem para Milanello, dizendo que "talvez ele possa te dizer algo mais concreto".
Não, não pode.
"Bom", continua o delegado, "por aqui não se sentiu nada". "Ter notícia é uma coisa, criar, é outra." O delegado ri ao saber, pela Folha, que a informação no Poupatempo era a de que houve correria no prédio da garagem, gente gritando.
Ele aponta para um edifício do outro lado da praça: "Você já esteve ali? Parece que teve até janela quebrada lá em cima".
No prédio, porém, a operadora de telemarketing Daiana, que estava trabalhando na hora, diz que não soube de nenhuma janela quebrada. "No sétimo [andar], onde eu trabalho, não deu para sentir direito."
Um grupo de funcionários que entra às 17h e que trabalha até as 23h espera na portaria para ver "se o prédio não vai mesmo cair". "Eu não subo", diz a operadora Célia Cordeiro.
O grupo afirma que a falta de coragem de subir (para trabalhar) não tem nada a ver com a possibilidade de antecipar o feriado. "A gente trabalha amanhã", eles riem.
Alexandre Kina, porteiro do edifício, diz que não sentiu o tremor. "Não houve nada. O povo saiu correndo, mas foi mais pela bagunça", acredita.


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