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"Diz-que-me-diz" cria fantasias sobre conseqüências do tremor
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Para muita gente que não
sentiu o tremor, ele se transformou até em "terremoto". Como
sempre, o diz-que-me-diz potencializou as conseqüências
do abalo.
Mario Milanello, coordenador-geral do Poupatempo da
praça Alfredo Issa, suspendeu
as atividades do prédio por
meia hora "para ver o que era".
240 pessoas deixaram o lugar,
mas ali ninguém sentiu "propriamente nada".
"Tenta ir aqui do lado, no
prédio garagem", sugere Milanello. O supervisor da garagem,
delegado Gilberto Fernandes,
tenta devolver a reportagem
para Milanello, dizendo que
"talvez ele possa te dizer algo
mais concreto".
Não, não pode.
"Bom", continua o delegado,
"por aqui não se sentiu nada".
"Ter notícia é uma coisa, criar,
é outra." O delegado ri ao saber,
pela Folha, que a informação
no Poupatempo era a de que
houve correria no prédio da garagem, gente gritando.
Ele aponta para um edifício
do outro lado da praça: "Você já
esteve ali? Parece que teve até
janela quebrada lá em cima".
No prédio, porém, a operadora de telemarketing Daiana,
que estava trabalhando na hora, diz que não soube de nenhuma janela quebrada. "No sétimo [andar], onde eu trabalho,
não deu para sentir direito."
Um grupo de funcionários
que entra às 17h e que trabalha
até as 23h espera na portaria
para ver "se o prédio não vai
mesmo cair". "Eu não subo",
diz a operadora Célia Cordeiro.
O grupo afirma que a falta de
coragem de subir (para trabalhar) não tem nada a ver com a
possibilidade de antecipar o feriado. "A gente trabalha amanhã", eles riem.
Alexandre Kina, porteiro do
edifício, diz que não sentiu o
tremor. "Não houve nada. O
povo saiu correndo, mas foi
mais pela bagunça", acredita.
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