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Justiça afasta a presidente da antiga Febem
Ainda cabe recurso dessa decisão; juíza determinou ainda o fechamento da unidade Tietê, que abriga hoje 100 internos
Sentença cita relatórios de vistorias que apontaram condições insalubres e falta de acomodações adequadas para os jovens atendidos
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A juíza Mônica Paukoski, do
Deij (Departamento de Execuções da Infância e Juventude),
ordenou o fechamento definitivo da unidade de internação
Tietê da Fundação Casa (antiga
Febem) e o afastamento de Berenice Gianella do cargo de presidente da instituição.
A decisão também impede
que ela ocupe outros cargos diretivos na antiga Febem. A fundação tem até 29 de novembro
para realocar todos os adolescentes que hoje estão na unidade -são cerca de cem. E a juíza
dá à Secretaria de Estado da
Justiça o prazo de cinco dias,
após a notificação, para indicar
um substituto ao cargo.
De acordo com a decisão, de
primeira instância, diversas
vistorias na unidade, localizada
no complexo Vila Maria, comprovaram a situação caótica.
O relatório de uma das visitas, realizada em março de
2006 pela Coordenação de Vigilância Sanitária da Secretaria
Municipal da Saúde, diz que "o
constante vazamento de água
[na unidade] propicia o aparecimento de grandes áreas de infiltração, goteiras, umidade e
mofo, conferindo mau cheiro".
"Fomos informados que as
atividades pedagógicas são realizadas eventualmente e, quando ocorrem, por não existir carteiras escolares em número suficiente, os internos permanecem em pé", diz o relatório.
Mais de um ano depois, outra
inspeção, realizada por equipe
do poder judiciário em julho de
2007, concluiu que a situação
"é de total descalabro", com
acomodações em condições insalubres e precárias.
O Deij também afirmou que
não havia condições mínimas
de higiene e habitabilidade na
unidade: "Foram observados
quartos escuros e sujos, vazamentos nos banheiros e grande
quantidade de fiação exposta,
vasos sanitários entupidos e
colchões sobre o chão".
A juíza avalia que Berenice
poderia ter agido "para coibir o
avanço do calamitoso estado de
coisas que persiste na unidade
"Tietê" até os dias de hoje".
Ainda é possível recorrer do
afastamento da presidente,
mas não cabe mais recurso sobre a desativação da unidade.
Isso porque a juíza já havia
concedido liminar que determinava o fechamento, cassada
depois pelo Tribunal de Justiça. O Superior Tribunal de Justiça (STJ), porém, reformou o
que havia decidido o TJ e definiu que a ordem de fechamento
da unidade não poderá ser revogada até que o recurso contra
a ação principal, que trata das
más condições do local, seja julgado em última instância.
A ordem de afastamento da
presidente, no entanto, não
constava da primeira liminar e
portanto não está incluída na
decisão do STJ.
A assessoria de imprensa da
Fundação Casa disse que não
foi notificada oficialmente da
decisão tanto sobre o pedido de
afastamento da presidente
quanto do fechamento da unidade e que, quando a receber,
estudará as providências judiciais cabíveis.
Em maio, a mesma juíza ordenou que Berenice fosse afastada por não cumprir uma sentença judicial de acabar com irregularidades na Unidade de
Atendimento Inicial. O TJ suspendeu a ordem.
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