São Paulo, domingo, 15 de novembro de 1998

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SAIA JUSTA

"Ex" encarna Jason e ataca novamente

ANTONINA LEMOS
da Reportagem Local

Cada vez que ela pensava que já tinha esquecido o ex-namorado, de quem tinha levado um fora, ele aparecia de novo. Resultado: a comissária de bordo Adriana, 37, (o nome é fictício) caía de novo na mesma armadilha. E voltava para o ex-namorado, até ser dispensada de novo. Isso durou quatro anos.
Para se livrar, Adriana parou de atender aos telefonemas do ex e pensou até em mudar o número do seu telefone ou trocar de apartamento. "Era uma coisa que perturbava a minha vida", diz.
Não são poucos os que sofrem, na vida real, ataques sistemáticos de Jason, aquele personagem do filme "Sexta Feira 13" que nunca morre. É como nos filmes da série: de tempos em tempos, eles voltam para infernizar a vida da vítima. No caso, os ex-namorados.
No caso de Adriana, a perseguição era bem planejada. "Ele tem o mesmo trabalho que eu, por isso mudava sua escala e dava um jeito de entrar no mesmo vôo em que eu estava." Adriana acabava voltando para ele. "Eu não resistia, era uma cruz, pensei até em mudar de casa para ver se conseguia me livrar", diz. Hoje, ela acha que o ex era "maquiavélico".
Às vezes, Jason consegue até interferir em outros scripts. E outros namorados, que não têm nada a ver com o "filme", acabam envolvidos na trama.
É o caso do vendedor Diego Zatta, 20. Ele conta que levou um fora de uma menina e, assim que começou a esquecê-la e a sair com outra garota, ela telefonou. "Fui correndo encontrá-la." Resultado: Diego terminou com a menina com quem estava saindo e voltou para a ex. "Logo depois ela me deu outro fora", lamenta.
Mas o próprio Diego conta que já ressurgiu das cinzas para perturbar uma ex-namorada. "Eu terminei com a menina, ela quis voltar, e eu, não."
"Quando soube que ela estava saindo com outro cara, passei a telefonar para ela", diz. Mas o ataque não foi bem sucedido, e a ex não voltou. "Acho que eu nem queria voltar, a gente age assim por ciúme", diz.
O ator Rodrigo Pena, 25, é outro que assume sua porção Jason. "Tive um caso com uma menina e só ligava para ela quando estava carente." Depois de um tempo, resolvi levar o caso a sério." Ele não foi bem recebido. "Ela me disse que não estava mais nem aí porque estava namorando outro cara. Foi uma gafe horrível", diz.
No caso da estudante de relações públicas Tatiana Allers, 24, as voltas do seu ex duraram três anos. "Namoramos três anos e, depois que ele terminou, passou a aparecer na minha vida nas horas mais erradas", conta. Por horas mais erradas entenda-se as vezes em que ela estava namorando outro.
"Eu ficava em pânico, sem saber se voltava para ele ou não, sempre acabava meio perturbada", diz. A história acabou de um jeito dramático. "Ele ficou com outra na minha frente e eu acabei ficando com o irmão dele", diz.
Algumas idas e voltas podem durar ainda mais tempo. A redatora Luciana Peçanha, 33, é "atacada" há sete anos por seu ex-marido.
"Quando a gente terminou, eu fiquei supermal. Insisti, paguei vários micos, pedi para ele voltar. Depois que eu desisti, ele passou a me procurar direto", diz. Ela conta que, no início, ficava perturbada quando era procurada pelo ex. "Mas agora eu já estou vacinada e não ligo mais", diz Luciana, que ainda recebe telefonemas de seu Jason de plantão.



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