São Paulo, domingo, 15 de novembro de 1998

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O GAROTO DA HORA

O ator Bruno Campos, 24, ficou conhecido no Brasil por sua participação no filme "O Quatrilho", de Luís Carlos Barreto, que foi indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro. Agora ele volta a dar as caras por aqui.
O ator, que mora fora do Brasil desde os 4 anos e está há dois anos e meio morando em Los Angeles, tentando conseguir trabalhos como ator, faz parte do elenco fixo do seriado norte-americano "Jesse", que começa a ser exibido no Brasil no final do mês pelo canal de TV a cabo Warner.
No seriado, Bruno faz o papel de um chileno, namorado da personagem principal. Trabalhando em ritmo alucinado -"não tenho tempo nem para dormir"-, ele nem sabia que o seriado ia ser exibido no Brasil. "Que boa notícia, estou surpreso", disse.
Conseguir entrar no mundo dos seriados norte-americanos não foi nada fácil. "Entrei na sala do presidente da Warner e disse que só sairia de lá com um contrato assinado", diz Bruno.
Valeu a pena. O ator já teve críticas favoráveis em revistas como a "Time" e a "Entertainment Magazine". Algumas publicações norte-americanas afirmam que ele é a melhor coisa do seriado. Bruno Campos falou à Folha de sua casa, em Los Angeles.

Como está sendo a sua participação no seriado?
É claro que eu estou adorando. Estou tendo uma chance incrível. Batalhei muito por isso, fiquei tentando por dois anos. Tive que dar muita porrada espiritual. É um ritmo de trabalho alucinante, mas eu não podia estar infeliz nesse momento.
Como é o seu papel?
Faço um chileno, que é o namorado da personagem principal. O fato de eu ser latino contribuiu muito para que eu pegasse o papel. O sotaque é parecido.
Foi difícil entrar no mercado das séries?
Foi muito complicado. Já pensei em desistir várias vezes. Muitas vezes eu ia atrás de trabalho e não tinha a menor recepção. O mercado nos Estados Unidos é muito fechado. Uma vez, fui fazer uma entrevista no escritório da Warner e, depois de passar por sete pessoas, consegui chegar a ter uma entrevista com o presidente. Disse para ele que só sairia de lá com um contrato assinado. Foi uma loucura, mas foi um risco que eu tive de correr.
E como ele reagiu?
Ele gostou. Eu sabia que tinha de agir daquele jeito. Ele percebeu que eu estava muito empenhado em conseguir aquele trabalho. Eu não tinha alternativa, tinha que chutar para o gol e mostrar que eu era corajoso.
"O Quatrilho" foi o seu primeiro trabalho profissional?
Foi o meu primeiro trabalho importante. Conheci o Barreto em uma festa e ele me convidou para um teste. Acabou dando certo. Foi tudo muito por acaso. Tive muita sorte. Para uma primeira experiência, parecia que eu estava sonhando. Foi magnífico. Eu não poderia imaginar um começo mais gratificante que esse. Fiquei muito nervoso e tive de aprender a me controlar o tempo todo. Mas tirei um lado muito bom. Além da experiência profissional, foi bom para eu ter mais contato com a cultura brasileira. E todo mundo do elenco foi muito paciente comigo.
Você tem planos de voltar a trabalhar no Brasil?
Não sou muito de fazer planos. O meu único objetivo no momento é conseguir dormir. Não estou conseguindo planejar nem o dia seguinte. Estou sobrecarregado de uma forma muito positiva. Trabalho cerca de 70 horas por semana, mas estou muito feliz. Quero sempre ter bons trabalhos, e, se acontecer de ser no Brasil, vou adorar.



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