|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Saltos perigosos
JAIRO BOUER
especial para a Folha
Dor nas costas, nos músculos
das pernas e cansaço nos pés. Um
exame para diagnosticar a causa
de tais sintomas pode começar pelos pés. Boa parte dos sapatos de
salto alto, inclusive alguns que estão sendo lançados agora para o
verão, estão longe de atender às
recomendações dos especialistas.
Os problemas decorrentes desses calçados podem extrapolar a
dor e o desconforto e se transformar em uma deformidade.
O uso crônico de sapatos altos,
apertados e pouco confortáveis
pode levar, com o passar dos anos,
a tendinites de repetição, formação de pequenos tumores benignos e desgastes nas articulações
dos pés, joelho e coluna que acabam provocando dores crônicas e
limitações de movimento.
O sapato ideal deve ter um salto
com altura de, no máximo, 2 cm.
Os modelos analisados e fotografados pela reportagem da Folha na
última semana (veja quadro) têm,
pelo menos, 7 cm.
Segundo o ortopedista Carlos
Cauchioli, salto muito alto altera o
centro de gravidade do corpo, jogando-o mais para frente. A marcha passa a sobrecarregar a porção
anterior (frente) do pé e a musculatura da perna. Isso desgasta o
joelho e provoca hiperextensão da
coluna (lordose).
A base do salto, segundo Cauchioli, deve ser mais larga que o
calcanhar, para permitir uma melhor distribuição do peso do corpo
quando a pessoa anda.
Salto muito estreito, como muitos dos que estão nas lojas, acabam exacerbando as dores e o desconforto do salto alto. Para completar, é bom que a porção posterior (calcanhar) do sapato tenha
um contraforte (costura) reforçado. Isso evita que o calcanhar
"dance" durante o movimento,
diminuindo o risco de torções.
As recomendações não param
no salto. O sapato deve ter uma
cinta, velcro ou cadarço, na sua
parte intermediária, com ajuste
regulável, que o mantenha firmemente amarrado ao dorso do pé.
Esse item é fundamental também para evitar as torções de tornozelo. Muitos fabricantes, na
busca por sapatos de verão mais
arejados, esquecem esse detalhe e
utilizam tiras mais decorativas que
funcionais.
Para terminar, os especialistas
recomendam que a porção anterior do sapato seja mais larga que a
porção intermediária, acomodando com conforto todos os dedos.
Se não há espaço suficiente, os
dedos se "encavalam" no momento da marcha, podendo provocar, com o tempo, a formação
de calos, joanetes e até dedos "em
garra".
Cauchioli diz que a área total do
sapato deve ser maior ou igual à
do pé. Segundo ele, um teste muito simples pode ser feito no momento da compra.
A mulher deve ficar descalça e
em pé ao lado do seu novo par de
sapatos. Quanto menor for o tamanho do sapato comparado ao
tamanho do pé, mais problemas
podem estar a caminho. A suposta
elegância dos sapatos acaba sacrificando o conforto e a saúde dos
pés, pernas e coluna vertebral.
Para as mulheres que não podem
fugir da rotina sacrificante do uso
diário desses sapatos, recomenda-se que, ao chegar em casa, ela
faça alongamento e massagens nos
músculos dos pés e das pernas.
Mas, se não há necessidade de
usar esse tipo de sapato, os calçados ideais são tênis e mocassins.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|