São Paulo, sábado, 15 de dezembro de 2001

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CAPITÃO NA ACADEMIA

PM consegue defender tese na 5ª tentativa

PUC armou esquema de segurança para apresentação de Rohrer, acompanhada por Petrelluzzi

DA REPORTAGEM LOCAL

Após ser impedido quatro vezes por estudantes de apresentar sua dissertação de mestrado, o capitão da Polícia Militar Francisco Rohrer obteve ontem nota 9 na PUC-SP e receberá o título de mestre em psicologia social. Seu objetivo agora é fazer doutorado na mesma universidade.
Os estudantes atribuem a Rohrer o comando da tropa que reprimiu manifestação na avenida Paulista contra a globalização, que deixou dez feridos.
Por conta disso, protestos de alunos impediram, desde 21 de maio, que ele apresentasse seu trabalho sobre policiamento comunitário. Na última manifestação, em outubro, o capitão chegou a levar uma torta no rosto.
Para garantir a nova tentativa de seu aluno, a universidade transferiu o local do exame do campus da rua Monte Alegre (Perdizes, zona oeste) para o de ciências exatas na rua da Consolação (centro). Desta vez, foi montado um esquema de segurança, com agentes na porta da universidade. Só puderam entrar no campus as pessoas que apresentaram identificação.

Petrelluzzi
Entre os presentes à apresentação de Rohrer estavam o secretário estadual da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, e o coronel Ubiratan Guimarães, condenado a 632 anos de prisão pelo massacre de 111 presos no Carandiru em 92 -o coronel recorre da sentença em liberdade.
O exame de ontem ocorreu sem interrupções. Um grupo de cinco alunos entrou no prédio, mas a ação dessa vez se resumiu a uma entrevista. O aluno Leonardo Pinho, 22, que liderava os estudantes presentes ontem, protestou contra o pedido de identificação na entrada da universidade. Em dias normais, a PUC (Pontifícia Universidade Católica) não faz essa exigência.
"Queria saber o que está passando na cabeça da reitoria da PUC, que traz essas medidas totalmente enlouquecidas, de regras de exceção", disse.
Ainda no portão de entrada, o diretor do centro de ciências sociais, Edison Nunes, 46, respondeu a Pinho que havia um "exercício de autoridade acadêmica". "O problema aqui é um caso de exceção, porque nunca trataram um aluno da PUC desse jeito", disse, referindo-se a Rohrer.
Petrelluzzi afirmou que compareceu à apresentação do capitão da PM porque "às vezes há intolerância com a polícia".
O secretário da Segurança elogiou a dissertação ("A Identidade do Policial Militar Comunitário: Metamorfose e Emancipação") e disse que o policiamento comunitário é a forma mais avançada de combate ao crime.
Questionado se havia algum constrangimento com a presença de Guimarães, Petrelluzzi disse que não havia percebido que o coronel estava ali.
"Ele [Petrelluzzi] não me viu, mas eu o vi. Se ele não fez questão de me ver, é problema dele, não simpatizo com a pessoa dele", disse o coronel, que trabalhou com Rohrer no batalhão de choque nos anos 80.
(IURI DANTAS)



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