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São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 2003

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DE PRESENTE PARA SÃO PAULO, 450

Iniciativa dotará a capital paulista com seu 1º bosque de jatobás

Morador planta 5.000 árvores

DA REPORTAGEM LOCAL

Para deixar sua marca no mundo, o advogado Jayme Vita Roso, 70, não vai plantar apenas uma árvore. Vai plantar 5.000. De quebra, dará de presente para a cidade de São Paulo, às vésperas do seu aniversário de 450 anos, o primeiro bosque de jatobás da capital paulista.
Desde meados do mês passado, ele vem plantando, com recursos próprios e doações, 1.500 pés de jatobá, 500 goiabeiras e mais 3.000 outras árvores de 25 diferentes espécies, todas nativas da mata atlântica.
Elas vão dar um reforço para a área verde da RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) que o advogado mantém dentro da APA (Área de Proteção Ambiental) Capivari-Monos, no extremo sul da cidade.
"É o meu presente para a minha querida São Paulo. Espero, pelo menos, vê-los [os jatobás] com dez metros de altura", diz Roso. O advogado explica que a escolha dos jatobás foi simbólica. "Eles representam a pujança, por sua beleza intrínseca e por suas grandes dimensões. São espelho daquilo que, orgulhosamente, São Paulo é à custa de tanto sacrifício", diz Roso, que nasceu no largo do Cambuci (zona central de SP) e mora nos Jardins (zona oeste da cidade).
Pouco mais da metade das mudas, foram doadas. O investimento nas demais chegou próximo a R$ 1.500, conta.
Na manutenção da RPPN, que se estende por cerca de 800 mil m2 (o equivalente a meio parque Ibirapuera) e já tem meio milhão de árvores, ele conta gastar cerca de R$ 15 mil por mês.
O amor pela reserva e o desejo de vê-la servir como cenário para atividades de educação ambiental para crianças da zona sul de São Paulo -região da cidade onde, de um lado, se concentra a exclusão social e, de outro, faltam áreas públicas de lazer- adiaram a aposentadoria de Roso. "Trabalho só para manter a área", afirma o advogado.
A RPPN, que se chama Reserva Florestal Curucutu Parques Ambientais, está localizada em parte de um terreno que o imperador dom Pedro 2º doou aos voluntários após a Guerra do Paraguai. A área foi comprada por Roso em 1963, que queria usá-la para loteamentos, mas não conseguiu. Encantou-se com o local e, indignado com a degradação ambiental da zona sul, iniciou a recuperação da área no fim dos anos 70.
Apesar de ainda não ter condições de admitir visitantes de forma sistemática -porque não dispõe de infra-estrutura de hospedagem, transporte e segurança-, a RPPN Curucutu já recebe alguns grupos de escoteiros e bandeirantes, clubes de terceira idade e famílias.
"Já conversei com diversas empresas para tentar um apoio financeiro, mas nunca obtive resposta positiva", conta Roso. Ele, no entanto, não esconde o otimismo. "São Paulo é maravilhosa, e depende de nós mantê-la assim. Cada ação individual faz diferença", afirma.


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