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DE PRESENTE PARA SÃO PAULO, 450
Iniciativa dotará a capital paulista com seu 1º bosque de jatobás
Morador planta 5.000 árvores
DA REPORTAGEM LOCAL
Para deixar sua marca no
mundo, o advogado Jayme Vita
Roso, 70, não vai plantar apenas
uma árvore. Vai plantar 5.000.
De quebra, dará de presente para a cidade de São Paulo, às vésperas do seu aniversário de 450
anos, o primeiro bosque de jatobás da capital paulista.
Desde meados do mês passado, ele vem plantando, com recursos próprios e doações, 1.500
pés de jatobá, 500 goiabeiras e
mais 3.000 outras árvores de 25
diferentes espécies, todas nativas da mata atlântica.
Elas vão dar um reforço para a
área verde da RPPN (Reserva
Particular do Patrimônio Natural) que o advogado mantém
dentro da APA (Área de Proteção Ambiental) Capivari-Monos, no extremo sul da cidade.
"É o meu presente para a minha querida São Paulo. Espero,
pelo menos, vê-los [os jatobás]
com dez metros de altura", diz
Roso. O advogado explica que a
escolha dos jatobás foi simbólica. "Eles representam a pujança,
por sua beleza intrínseca e por
suas grandes dimensões. São espelho daquilo que, orgulhosamente, São Paulo é à custa de
tanto sacrifício", diz Roso, que
nasceu no largo do Cambuci
(zona central de SP) e mora nos
Jardins (zona oeste da cidade).
Pouco mais da metade das
mudas, foram doadas. O investimento nas demais chegou próximo a R$ 1.500, conta.
Na manutenção da RPPN, que
se estende por cerca de 800 mil
m2 (o equivalente a meio parque
Ibirapuera) e já tem meio milhão de árvores, ele conta gastar
cerca de R$ 15 mil por mês.
O amor pela reserva e o desejo
de vê-la servir como cenário para atividades de educação ambiental para crianças da zona sul
de São Paulo -região da cidade
onde, de um lado, se concentra a
exclusão social e, de outro, faltam áreas públicas de lazer-
adiaram a aposentadoria de Roso. "Trabalho só para manter a
área", afirma o advogado.
A RPPN, que se chama Reserva Florestal Curucutu Parques
Ambientais, está localizada em
parte de um terreno que o imperador dom Pedro 2º doou aos
voluntários após a Guerra do
Paraguai. A área foi comprada
por Roso em 1963, que queria
usá-la para loteamentos, mas
não conseguiu. Encantou-se
com o local e, indignado com a
degradação ambiental da zona
sul, iniciou a recuperação da
área no fim dos anos 70.
Apesar de ainda não ter condições de admitir visitantes de
forma sistemática -porque
não dispõe de infra-estrutura de
hospedagem, transporte e segurança-, a RPPN Curucutu já
recebe alguns grupos de escoteiros e bandeirantes, clubes de
terceira idade e famílias.
"Já conversei com diversas
empresas para tentar um apoio
financeiro, mas nunca obtive
resposta positiva", conta Roso.
Ele, no entanto, não esconde o
otimismo. "São Paulo é maravilhosa, e depende de nós mantê-la assim. Cada ação individual
faz diferença", afirma.
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