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Lei estimula reaproveitamento, diz Fiesp
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A aprovação da lei que institui a
cobrança pela utilização de recursos hídricos em São Paulo vai estimular as empresas a investir em
processos de reaproveitamento
de água para reduzir custos, avalia
Eduardo San Martin, membro do
Conselho Superior do Meio Ambiente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de SP).
A indústria e as empresas de saneamento devem recolher os
maiores valores no Estado pelo
uso da água. A Sabesp, empresa
de saneamento paulista, já é a
maior contribuinte individual da
bacia do Paraíba do Sul, que é federal, por envolver um rio que
corta mais de um Estado.
Em âmbito federal, a previsão
de cobrança existe desde 1997,
quando foi aprovada a lei 9.433. A
primeira bacia que efetivou a taxa
foi a do Paraíba do Sul. Nela, um
dos maiores contribuintes privados é a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), que recolhe cerca
de R$ 150 mil por mês à União. A
empresa deposita o valor em juízo
sob o argumento de que não há
garantia de que os recursos serão
aplicados no Paraíba do Sul.
No âmbito federal, a arrecadação pela utilização das bacias entra no caixa do Tesouro e corre o
risco de ser contingenciada. Apesar do temor da CSN, a ANA
(Agência Nacional de Água) diz
que todos os recursos arrecadados são destinados às bacias federais. Wilde Cardoso, especialista
em recursos hídricos da ANA,
afirma que a cobrança não é grande do ponto de vista financeiro.
Na bacia do Paraíba do Sul, por
exemplo, a receita total é próxima
de R$ 6 milhões ao ano, valor que
Cardoso classifica de "irrisório"
diante das necessidades da região.
Segundo ele, o objetivo da contribuição é obrigar as empresas a
investir em mecanismos de reaproveitamento da água.
No setor siderúrgico, o índice de
reaproveitamento da água é de
85%. A água passa por tratamento
após utilizada e volta a alimentar a
produção. A nova captação só
existe para repor as perdas, que
são de 15%. Cardoso diz que as indústrias são as principais beneficiárias da cobrança federal, já que
ela só é instituída em bacias com
problema de abastecimento. Em
caso de falta de água, as empresas
é que serão as mais prejudicadas,
com a interrupção da produção.
Em São Paulo, a cobrança será
realizada em todas as bacias e será
paga pelos contribuintes que retiram água diretamente dos rios ou
de reservatórios subterrâneos.
San Martin disse que a Fiesp é
favorável à cobrança, mas sugeriu
mudanças ao projeto original,
que foram aprovadas. A principal
delas é a que fixa um valor máximo para a contribuição, de R$
0,01 por mil litros de água na captação e de R$ 0,03 por mil litros de
água devolvidos ao rio.
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