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Prefeitura livra
viação de ônibus
de punições
ALENCAR IZIDORO
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
A administração José Serra
(PSDB) constatou uma série
de irregularidades na investigação que fez sobre as garantias falsas entregues pelas
empresas de ônibus que
operam na cidade de São
Paulo, mas decidiu não romper contrato nem punir as
viações pela fraude.
A gestão tucana alega que,
em vez de adotar uma medida radical, optou por somente "ajustar" aquilo que
havia de errado. Mas até hoje
os problemas permanecem
-e metade dos consórcios
de ônibus ainda mantém garantias irregulares nos contratos de R$ 12,3 bilhões, os
maiores da prefeitura.
A revelação sobre a falsidade das cartas de fiança das
viações em nome do BNA
(Banco de La Nación Argentina) foi feita há um ano pela
Folha. Exigidas na licitação,
elas são uma forma de garantir que os serviços não
sofrerão descontinuidade,
caso as empresas passem
por dificuldades.
A prefeitura concluiu sindicância para apurar as responsabilidades em setembro. O relatório foi fornecido
nesta semana à Folha por
Frederico Bussinger, secretário dos Transportes.
Ele aponta que os contratos ficaram descobertos durante 24 meses -17 meses
na gestão da ex-prefeita
Marta Suplicy (PT) e 7 na de
Serra- e que as irregularidades não se restringiram à
falsificação dos documentos
das viações de ônibus.
O texto revela que as empresas entregaram as garantias somente três dias depois
de firmarem os contratos
com a prefeitura. A licitação
exigia que elas fossem apresentadas até 48 horas antes
da assinatura contratual.
A sindicância também cita
a "falta de rigor" da prefeitura -já que os papéis ficaram
sem aprovação nem rejeição
municipal durante um ano,
enquanto os contratos permaneciam valendo.
A investigação tucana diz
que Jilmar Tatto, ex-secretário dos Transportes, "assumiu as responsabilidades"
pela forma como tramitaram as garantias. Ela isentou
Carlos Alberto Carmona
-assessor e amigo de Bussinger e que também atuava
na gestão petista.
Carmona era amigo de um
dos intermediários dos papéis falsos às viações de ônibus. Sua casa foi alvo de operação de busca e apreensão
da polícia. A sindicância
avaliou, pela coleta de depoimentos, que ele não fez tráfico de influência para pressionar os técnicos a aceitar
os documentos irregulares
ligados ao seu amigo.
O sindicato das viações
não quis se manifestar. Para
Jilmar Tatto, a sindicância
tem "conotação política".
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