da Agência Folha, em Salvador

e em Santo Antônio de Jesus (BA)

Há três dias, os moradores da cidade baiana de Santo Antônio de Jesus estão convivendo com a dor e o desespero de enterrar parentes e amigos sem, sequer, participar de velórios.
A cada hora (das 10h às 17h), em média, é realizado um enterro no único cemitério da cidade.
Parentes e amigos das vítimas esperam a chegada dos corpos na porta do cemitério, onde é rezada uma missa coletiva de corpo presente.
Segundo os legistas, não há tempo para velórios. Os corpos das vítimas de queimaduras começam a entrar em decomposição cerca de duas horas após a necropsia.
"É quase o tempo exato do transporte do corpo de Salvador para Santo Antonio de Jesus", disse Manoel Carreiro, diretor-adjunto de saúde do HGE (Hospital Geral do Estado), onde já morreram 19 das cerca de 70 vítimas da tragédia.
Em outras circunstâncias, o estado de decomposição começa 12 horas após a morte.
Dos hospitais para o IML (Instituto Médico Legal) Nina Rodrigues, em Salvador, os corpos são transportados por rabecões.
"Assim que morre uma vítima, telefonamos para o IML e os técnicos providenciam o transporte imediatamente. Algumas vezes, o rabecão leva até seis corpos ao mesmo tempo", disse Carreiro.
Os corpos que saem do IML de Salvador são transportados para Santo Antonio de Jesus em um caminhão cedido pela 4ª Dires (Diretoria Regional de Saúde).
"Estamos seguindo todas as recomendações dos legistas. Os corpos são transportados em caixões e enterrados logo após a chegada a Santo Antônio de Jesus", disse a secretária do prefeito, Helena Almeida.
Helena afirmou também que alguns corpos de vítimas permanecem por mais tempo no Instituto Médico Legal por falta de reconhecimento.
"Estamos fornecendo transporte para que os parentes das vítimas viajem para fazer o reconhecimento em Salvador. O problema é que a família encontra dificuldades para identificar o corpo em virtude da gravidade das queimaduras", afirmou Helena.
(CG e LF)



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