São Paulo, terça, 15 de dezembro de 1998

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EDUCAÇÃO
Número equivale a aumento de 10% em relação a 98; haverá 135 novos cursos, sendo 40% no período noturno
Federais abrem 9.007 novas vagas para 99

BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília

As instituições federais de ensino superior estão oferecendo 10% de vagas a mais no vestibular para o ano acadêmico que se inicia em 99, em comparação às oferecidas para este ano.
São 9.007 vagas novas. É a maior expansão dos últimos dez anos no número de lugares disponíveis para candidatos nas federais, de acordo com a Andifes (Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior).
No total, 50 das 52 federais estão oferecendo 98 mil vagas, contra as 88,9 mil que os candidatos ao vestibular deste ano tiveram à disposição em 97.
A ampliação verificada agora está próxima da meta de expansão de vagas para os próximos quatro anos que reitores das federais discutiram ontem. Eles planejam um aumento anual de 10% na graduação, 10% no mestrado e 15% no doutorado. Com isso, em 2002 seriam ofertadas 146 mil vagas na graduação, cerca de 47% a mais em relação a este ano.
"A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) tem cerca de 10 mil estudantes na graduação. Com essas novas vagas abertas no vestibular para 99, estamos criando quase uma nova Unicamp na graduação das federais", diz Mozart Neves Ramos, presidente da Comissão de Desenvolvimento Acadêmico da Andifes.
Para realizar a meta até 2002, as federais reivindicam um aumento anual de R$ 50 milhões no orçamento para manutenção e custeio das 52 instituições. O orçamento deste ano foi de R$ 363 milhões. O de 2002 chegaria a R$ 600 milhões.
"Se for considerado o orçamento das universidades, contando pessoal, dá um crescimento médio anual de 1%", afirmou José Ivonildo do Rego, presidente da Andifes.
Segundo Rego, foi possível aumentar a oferta de vagas para 99 porque, com a modificação dos currículos, os professores terão menos disciplinas obrigatórias e poderão atender mais alunos.
O crescimento verificado nas vagas ofertadas de 96 para 97 foi de cerca de 4%. "A expansão neste ano é reflexo de algo que já vinha acontecendo aos poucos", disse.
O Plano Nacional de Educação elaborado pelo MEC prevê que, em dez anos, 30% da população de 18 a 25 anos esteja matriculada no ensino superior, ou seja, cerca de 5 milhões de estudantes a mais em relação a este ano.
Para 99, as instituições federais também estão oferecendo 135 novos cursos, sendo que 40% deles são no período noturno.
De acordo com o censo do ensino superior de 96, do total de alunos matriculados (1,8 milhão), 54,6% estudavam à noite e 45,4%, de dia. Nas federais, que contavam 389 mil estudantes em 96, somente 18% estudavam no curso noturno.
O ministro Paulo Renato Souza (Educação) participa hoje da reunião com os reitores sobre o plano para ampliação da oferta do ensino superior federal.
Recentemente, o MEC classificou de absurdo o gasto anual por aluno nas federais (US$ 14,4 mil) e colocou a expansão das vagas como forma de resolver a questão. A Andifes contesta o número do MEC e afirma que, se fosse contado somente o gasto com ensino, o per capita passaria a US$ 5.482.
Com a expansão anual de 10% na oferta de vagas, em 2002, segundo a Andifes, o custo por aluno nas federais seria 30% menor.
Outra reclamação de Paulo Renato se refere ao número de alunos por professor nas federais, que ele considera baixo. Segundo a Andifes, há 9,7 alunos por professor. Em 2002, com a expansão, haveria 15 estudantes por docente, número que a entidade considera compatível ao do exterior.



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