São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 2001

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GRANDE SÃO PAULO

Município deve R$ 1 bilhão e atual prefeito culpa gestão anterior pela falta de verbas para obras de contenção

Temporal alaga 7 bairros de Guarulhos

DO "AGORA SÃO PAULO"

Um temporal de duas horas e 20 minutos, que caiu na tarde de anteontem em Guarulhos (Grande São Paulo), alagou pelo menos sete bairros no município. Dezenas de famílias perderam móveis, roupas e ficaram com as casas danificadas.
Segundo a Defesa Civil, a chuva se prolongou das 16h40 às 18h e causou a inundação do córrego Cabuçu de Cima, que corta boa parte da cidade.
As regiões de Taboão, Vila Galvão, Centro, Tranquilidade, Jardim São Paulo, Jardim Santa Cecília e Jardim Zoológico foram as mais atingidas.
Segundo o prefeito Elói Pietá (PT), 98 famílias ficaram desabrigadas. Porém, apenas 12 pessoas quiseram ficar no abrigo da prefeitura. O restante procurou ajuda de amigos e parentes.
Ontem, maquinários da prefeitura fizeram o serviço de limpeza das ruas com a ajuda de moradores que passaram o dia limpando suas casas e calculando os prejuízos que a chuva deixou.
No Jardim São Paulo, a chuva invadiu uma escola e quatro casas da rua Pombal deixando moradores em pânico. "Foram minutos de horror", disse Jasdivina Pinheiro Urias, 56.
A parede da sala de Jasdivina desabou com a força da água levando todos os móveis e também os remédios do seu filho, portador do vírus HIV.
Ontem, a família passou o dia no hospital para conseguir mais remédios.
Doralice da Silva Soares, 64, quase morreu afogada. A água invadiu sua casa e atingiu a altura de seu pescoço. "Quando a água subiu fui para a janela e comecei a pedir socorro. Não morri porque um vizinho me ajudou a sair pelo telhado. Foi um verdadeiro milagre".

Sem dinheiro
O prefeito de Guarulhos, Elói Pietá (PT), disse que a prefeitura está com infra-estrutura precária e que não há dinheiro suficiente para acabar com as inundações.
Segundo ele, o município tem uma dívida de R$ 1 bilhão e por conta disso, neste ano, a administração vai tentar apenas minimizar o problema das enchentes com limpeza de bueiros e córregos.
"O ex-prefeito nos deixou em situação precária. Faltam recursos, máquinas e carros para tocarmos obras no setor. Vamos trabalhar com o que temos e fazer contratos emergenciais", disse.
Segundo Pietá, haverá remanejamento de verba. O prefeito responsabilizou o Estado por ter paralisado várias vezes as obras de canalização do córrego Cabuçu de Cima, que alagou grande parte dos bairros da cidade.


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