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DIPLOMACIA
Walfrido dos Mares Guia (Turismo) propôs ao presidente Lula o fim da cobrança de US$ 100 para emissão de visto
Ministro quer isentar americanos de taxa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, propôs ontem
ao presidente Luiz Inácio Lula da
Silva que o governo brasileiro deixe de cobrar visto dos americanos. Sua idéia é que a identificação nos portos e aeroportos seja
considerada como visto.
Por causa do princípio da reciprocidade, há mais de três anos o
Brasil cobra US$ 100 por visto para americanos. Os EUA adotaram
a medida primeiro, como forma
de inibir a imigração ilegal.
Segundo o ministro, a exigência
de visto dos americanos compromete a meta do Plano Nacional de
Turismo, que é atingir o número
de 9 milhões de turistas estrangeiros ao ano até 2007.
Desde que o Brasil passou a exigir vistos de americanos e cobrar
por isso, segundo Mares Guia, o
número de turistas dos EUA que
vêm ao Brasil parou de crescer.
Segundo dados oficiais, cerca de
650 mil americanos vêm anualmente ao Brasil, sendo que, desse
total, apenas 100 mil vêm fazer turismo de lazer. O restante vem para turismo de negócios e eventos.
Em 2002, o Brasil recebeu 3,8
milhões de turistas, que deixaram
no país US$ 3,1 bilhões. No ano
passado, o número de turistas aumentou para 4,3 milhões, gerando US$ 3,4 bilhões em divisas (valor estimado).
"Temos que simplificar a vida
do turista, senão ele não vem, vai
para outro país. Turismo é o melhor negócio do mundo, é o que
mais cresce e mais gera empregos
atualmente", disse o ministro.
Segundo Mares Guia, países
com menor diversidade cultural e
menos atrativos recebem mais do
que o dobro de turistas que o Brasil recebe anualmente.
A exigência de vistos para americanos, afirmou ele, está deixando o Brasil fora de um novo filão,
que é o turismo de incentivos
-em vez de bônus financeiros,
empresas premiam funcionários
com viagens internacionais.
"Metade do aeroporto do Galeão (Rio) está ocioso. O turismo
de americanos para o Nordeste é
praticamente inexistente. Precisamos facilitar a vida do turista, não
complicar", afirmou.
Segundo o ministro, há atualmente 94 vôos semanais de companhias americanas para o Brasil,
e 28 de empresas brasileiras para
os EUA. Acordo entre os dois governos permite até 108 vôos de lá
para cá e outros 108 no sentido inverso, mas não há demanda.
Mares Guia disse que o sistema
de identificação nos aeroportos
vai virar rotina e será implantado
no mundo inteiro. Segundo ele, o
que o Brasil precisa fazer é agilizar
a identificação e criar um banco
de dados para armazenar as fotos
e impressões digitais -do contrário, a identificação é inútil.
Para o ministro, a detenção do
piloto da American Airlines Dale
Hersh foi um fato isolado e não
deve afetar o turismo. "É um caso
de petulância e arrogância, e a
empresa teve o bom senso de se
desculpar prontamente."
Recurso
Dezesseis dias depois de ser notificado sobre a obrigação de fichar todos os americanos que desembarcam no Brasil, o governo
entrou ontem com um recurso
para suspender essa decisão judicial. Independentemente do resultado do recurso, o recolhimento de fotos e impressões digitais
continuará sendo feito.
O porta-voz do Planalto, André
Singer, disse que o recurso visa
"restaurar a competência exclusiva do presidente da República na
condução da política externa".
Segundo ele, o procedimento de
controle de entrada de estrangeiros continua da maneira como
determina a portaria interministerial publicada no "Diário Oficial" da União da segunda-feira.
A intenção do governo brasileiro é deixar o assunto nas mãos do
grupo de trabalho interministerial criado para tratar do tema, e
não com a Justiça.
No texto do recurso encaminhado ontem ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (Brasília),
o advogado-geral da União, Álvaro Augusto Ribeiro, afirma que é
privativa do presidente da República a competência para ditar
medidas de política exterior.
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