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Polêmica envolve compra de equipamentos
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O equipamento usado desde
ontem para coletar impressões digitais de americanos nos aeroportos de São Paulo e do Rio faz parte
do projeto de modernização da
Polícia Federal firmado em março
de 1998, orçado em US$ 425,3 milhões e envolvido em polêmica.
Batizado de Promotec/Pro-Amazônia, o projeto foi apresentado pela primeira vez ao governo
japonês em 1994, mas o custo de
US$ 248,65 milhões de então não
agradou. No ano seguinte, EUA,
Alemanha e até a ONU (Organização das Nações Unidas) foram
sondados, mas o Brasil não conseguiu o financiamento.
A França aceitou participar e
aprovou o empréstimo. Deixou a
cargo da estatal Sofremi a execução do contrato. Na época, o governo brasileiro dispensou a licitação por considerar que a capacidade técnica da empresa era superior a das nacionais e o assunto
era de segurança nacional.
Reportagem da Folha em 1998
sobre a existência do acordo motivou críticas da oposição, então
capitaneada pelo PT, e auditorias
do Tribunal de Contas da União.
Entre as críticas, estava o fato de
não haver definição do preço dos
produtos que seriam adquiridos
-de calculadoras a helicópteros.
No caso da modernização do
cadastro de impressões digitais
do país, a PF informa ter comprado os equipamentos em 2002. O
objetivo era digitalizar todos os
registros de criminosos fornecidos pelos Estados e formar um
banco de dados nacional.
Antes da adquirir as máquinas
francesas, a PF diz ter feito dois
anos de pesquisa no mercado nacional, em busca de empresas capacitadas para o trabalho.
Nenhuma empresa brasileira
era capaz, na época, segundo a PF,
de atender as exigências. Os policiais estimam que o banco de dados, a ser iniciado em fevereiro, vá
conter 5 milhões de registros.
Também houve preocupação
com a velocidade de acesso, que,
para dar respostas quase instantaneamente, precisa ser alta.
Uma grande dificuldade da PF
atualmente é a avaliação do preço
cobrado pela Sofremi. O contrato
prevê oferta de preços de mercado para os equipamentos franceses, o que é difícil de verificar na
prática porque a empresa informa listas fechadas, sem discriminação do preço de cada produto.
O contrato com a Sofremi foi
mantido, mas a restrição orçamentária do governo impediu
que o dinheiro fosse efetivamente
utilizado. Até março passado, o
Brasil já havia pago US$ 10,4 milhões como "taxa de compromisso" por não investir o dinheiro.
O contrato tem vigência de seis
anos. Estabelece que 79% do valor
financiado -U$ 336 milhões-
deve ser gasto em compras no exterior. Os 21% restantes podem
ser usados na aquisição de equipamentos nacionais. Ontem, a PF
não forneceu informações sobre
os valores gastos até agora.
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