São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2004

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TERCEIRA IDADE

Estudo mostra que deficiências impedem que idosos vivam plenamente

"Doenças limitam vida na velhice"

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os brasileiros estão vivendo mais, mas não necessariamente melhor. Apesar do aumento significativo na expectativa de vida da população nas últimas décadas, boa parte do tempo adicional de vida é limitada por deficiências físicas e mentais, impedindo que idosos vivam de forma plena.
Baseada em dados relativos à população da cidade de São Paulo, pesquisa inédita feita pela economista Dulce Baptista, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), concluiu que os idosos passam metade de seu tempo limitados por alguma incapacidade. O estudo mostra ainda que, apesar de viverem mais, as mulheres são as que têm menos tempo de vida plenamente ativa.
Assim, uma mulher que vive em São Paulo e chega aos 60 anos tem a expectativa de viver até os 81 anos e dez meses. Desses quase 22 anos, porém, só nove anos e um mês serão vividos de forma plena.
O conceito de incapacidade, segundo o estudo, inclui limitações físicas e mentais que, em maior ou menor grau, tornam difícil ter uma vida independente e ativa.
No caso dos homens, a situação é parecida, embora menos grave. Espera-se que um paulistano que atinja os 60 anos viva até os 77. Mas, dos 17 restantes, sete anos e nove meses serão vividos com limitações físicas ou mentais.
Para Baptista, esses números deveriam ser considerados durante a definição de políticas públicas, em especial nas áreas de saúde e seguridade social. "Existem propostas para aumentar a idade para aposentadoria para as mulheres com base no argumento de que elas vivem mais que os homens", diz a economista.
"Se elas vivem mais, mas numa condição de saúde deteriorada, não é possível aumentar sua vida economicamente ativa", afirma.
O estudo permite concluir que o fato de as pessoas viverem mais não significa que elas estarão aptas a trabalhar por mais tempo.
A pesquisa foi apresentada na conclusão do mestrado da UFMG e é baseada em dados de 1999 da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), braço da OMS (Organização Mundial da Saúde).


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