São Paulo, domingo, 16 de janeiro de 2005

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VESTIBULAR

Na etapa final da seleção, que começa hoje, alunos da rede pública, negros e índios ganharão pontos extras na nota

Unicamp testa ação afirmativa na 2ª fase

DA REPORTAGEM LOCAL

Hoje, 12.856 candidatos começam a segunda fase do vestibular da Unicamp. Desse número, 2.929 (22,78%) participam do programa de ação afirmativa da instituição, que só beneficia os alunos que conseguiram passar da primeira etapa.
No ato da inscrição, o vestibulando que fez o ensino médio na rede pública teve a opção de aderir à ação. Com isso, ele terá 30 pontos extras na nota final. Se, além de ter estudado em escola pública, o aluno se autodeclarou negro, pardo ou índio, terá mais dez pontos (40 no total). No último vestibular, as notas finais variaram de 200 a 800 pontos.
A universidade prevê que a medida aumente em pouco mais de 30% o número de alunos da rede pública entre os matriculados. Esse resultado vai depender do desempenho dos quase 3.000 alunos que aderiram ao programa e que se classificaram para a segunda fase. "Ainda não dá para saber quantos serão beneficiados. Pode ser nenhum ou mais que o previsto", afirma o coordenador-executivo da Comvest (que organiza o vestibular), Leandro Tessler.
Paola Olegário da Costa, 21, que concorre a uma vaga em ciências biológicas, conta com o programa para obter a aprovação, após fracassar no último vestibular. "Optei pelo sistema para não ser prejudicada", disse. Para ela, entretanto, o sistema é paliativo. "O ensino [básico] público deveria ser melhor para não dependermos de medidas como essa."
O método da ação afirmativa, segundo a universidade, privilegia o mérito, já que o público-alvo tem de disputar as mesmas vagas que os outros candidatos. No sistema de cotas, os vestibulandos beneficiados têm vagas reservadas e disputam entre si.
Houve aumento na participação dos alunos da rede pública no total de inscritos: passou de 31,4% no último vestibular para 34,1%.
Mesmo com essa variação, a porcentagem de aprovados da escola pública para a segunda fase permaneceu praticamente a mesma -foi de 24,85% para 24,49%.
Segundo Tessler, a queda já era esperada e, mesmo quando não havia ação afirmativa, a porcentagem aumentava quando era fechada a lista de aprovados.

Sem pegadinha
Se por um lado o fato de resolver questões de todas as disciplinas no vestibular da Unicamp é motivo de preocupação para alguns estudantes, por outro eles podem ficar tranqüilos de que o exame não trará pegadinhas. "É um exame que exige muita leitura, mas não há pegadinhas para confundir os candidatos", disse Tessler.
O vestibulando que concorre a uma vaga na Unicamp, independentemente da área escolhida, terá de fazer as provas de todas as disciplinas. Segundo Tessler, a exigência se dá pelo fato de a universidade buscar um aluno mais generalista. "Queremos um aluno que tenha uma visão mais ampla de todos os assuntos, não apenas daqueles ligados à sua área."
Hoje, há provas de português e de biologia. A avaliação, em quatro horas, tem 24 questões discursivas. (FÁBIO TAKAHASHI E ALEXANDRE NOBESCHI)

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