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VESTIBULAR
Na etapa final da seleção, que começa hoje, alunos da rede pública, negros e índios ganharão pontos extras na nota
Unicamp testa ação afirmativa na 2ª fase
DA REPORTAGEM LOCAL
Hoje, 12.856 candidatos começam a segunda fase do vestibular
da Unicamp. Desse número,
2.929 (22,78%) participam do
programa de ação afirmativa da
instituição, que só beneficia os
alunos que conseguiram passar
da primeira etapa.
No ato da inscrição, o vestibulando que fez o ensino médio na
rede pública teve a opção de aderir à ação. Com isso, ele terá 30
pontos extras na nota final. Se,
além de ter estudado em escola
pública, o aluno se autodeclarou
negro, pardo ou índio, terá mais
dez pontos (40 no total). No último vestibular, as notas finais variaram de 200 a 800 pontos.
A universidade prevê que a medida aumente em pouco mais de
30% o número de alunos da rede
pública entre os matriculados. Esse resultado vai depender do desempenho dos quase 3.000 alunos
que aderiram ao programa e que
se classificaram para a segunda
fase. "Ainda não dá para saber
quantos serão beneficiados. Pode
ser nenhum ou mais que o previsto", afirma o coordenador-executivo da Comvest (que organiza o
vestibular), Leandro Tessler.
Paola Olegário da Costa, 21, que
concorre a uma vaga em ciências
biológicas, conta com o programa
para obter a aprovação, após fracassar no último vestibular. "Optei pelo sistema para não ser prejudicada", disse. Para ela, entretanto, o sistema é paliativo. "O ensino [básico] público deveria ser
melhor para não dependermos de
medidas como essa."
O método da ação afirmativa,
segundo a universidade, privilegia o mérito, já que o público-alvo
tem de disputar as mesmas vagas
que os outros candidatos. No sistema de cotas, os vestibulandos
beneficiados têm vagas reservadas e disputam entre si.
Houve aumento na participação dos alunos da rede pública no
total de inscritos: passou de 31,4%
no último vestibular para 34,1%.
Mesmo com essa variação, a
porcentagem de aprovados da escola pública para a segunda fase
permaneceu praticamente a mesma -foi de 24,85% para 24,49%.
Segundo Tessler, a queda já era
esperada e, mesmo quando não
havia ação afirmativa, a porcentagem aumentava quando era fechada a lista de aprovados.
Sem pegadinha
Se por um lado o fato de resolver
questões de todas as disciplinas
no vestibular da Unicamp é motivo de preocupação para alguns
estudantes, por outro eles podem
ficar tranqüilos de que o exame
não trará pegadinhas. "É um exame que exige muita leitura, mas
não há pegadinhas para confundir os candidatos", disse Tessler.
O vestibulando que concorre a
uma vaga na Unicamp, independentemente da área escolhida, terá de fazer as provas de todas as
disciplinas. Segundo Tessler, a
exigência se dá pelo fato de a universidade buscar um aluno mais
generalista. "Queremos um aluno
que tenha uma visão mais ampla
de todos os assuntos, não apenas
daqueles ligados à sua área."
Hoje, há provas de português e
de biologia. A avaliação, em quatro horas, tem 24 questões discursivas.
(FÁBIO TAKAHASHI E ALEXANDRE NOBESCHI)
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