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Segurados da SulAmérica obtêm decisão contra reajuste retroativo
Após ir à Justiça, eles ficaram desobrigados de pagar 12,9% de aumento
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Segurados de planos de saúde da SulAmérica que entraram na Justiça estão conseguindo decisões que os desobrigam de pagar o reajuste retroativo de 12,9% referente ao período de julho de 2005 a outubro de 2007.
O valor começou a ser cobrado em novembro de 2007, após
a seguradora obter na Justiça o
direito de corrigir as mensalidades com base no reajuste autorizado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar)
em 2005, que era de 26,10%.
Ele não foi aplicado inicialmente porque uma liminar do
Ministério Público de SP, para
evitar aumentos abusivos, determinou que o reajuste seria
de apenas 11,69%. Posteriormente, um acordo com o Ministério Público permitiu à seguradora cobrar os 12,9% restantes retroativamente, em até
12 parcelas, e a corrigir as mensalidades a partir de novembro.
O aumento vale para planos
antigos, que não se adaptaram à
lei nº 9.656 de 1998 -que regulamentou o setor-, e afeta 192
mil segurados em São Paulo,
segundo a SulAmérica.
Pelo menos três segurados já
conseguiram decisões contra a
cobrança em primeira ou segunda instância, disse a advogada Renata Vilhena Silva, mas
os processos ainda não foram
concluídos. É o caso do comerciante Jaime Simão, 57, que teve decisão favorável no TJ-SP.
A decisão diz haver "dúvida
razoável acerca da possibilidade de incidência do índice de
12,9%", e que "é razoável" que
se permita pagamento da mensalidade, acrescido dos reajustes autorizados pela ANS.
"Todo reajuste anual acima
da inflação, sem justificativa,
deve ser discutido perante o
Poder Judiciário quando o consumidor se sentir prejudicado.
O aumento pode gerar uma situação de desequilíbrio contratual", afirma Renata.
O Idec (Instituto de Defesa
do Consumidor) tenta na Justiça, com o Procon, derrubar o
acordo entre SulAmérica e Ministério Público que permitiu o
aumento. "Ele é contrário ao
Código de Defesa do Consumidor e à lei que regulamentou os
planos de saúde", diz a advogada Maria Elisa Novais.
Segundo Marcos Barreto,
promotor do Consumidor,
quem deixar o plano hoje não
tem de pagar o aumento. O
mesmo ocorre com quem não
tem mais plano, por não ter saldo devedor.
A SulAmérica disse que o aumento é uma questão de isonomia com os consumidores de
quase todo o Brasil que tiveram
suas mensalidades atualizadas.
A seguradora diz que a adesão dos segurados ao acordo
com o Ministério Público foi
praticamente total, sendo que o
número de clientes que optou
por questionar a decisão na
Justiça é inferior a 0,03%. "Visando minimizar o impacto", a
SulAmérica diz oferecer parcelamento e descontos.
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