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VIOLÊNCIA
Para a polícia, número de sequestradores, horário e local da abordagem do secretário Eduardo Jorge não são usuais
Modo de atuar da quadrilha foge do padrão
DA REPORTAGEM LOCAL
O modo de atuação da quadrilha que sequestrou o secretário
municipal da Saúde ""foge totalmente" do padrão de sequestros
relâmpagos registrados na capital, segundo o delegado Valter
Sergio Abreu, do setor que investiga esses casos no Depatri (Departamento de Investigações sobre Crimes Patrimoniais).
No ano passado, a polícia registrou 1.896 sequestros relâmpagos
na capital, o que dá cinco por dia.
De julho a dezembro de 99, período em que começou a contagem,
foram 1.393 registros.
Em 70% dos casos cadastrados
pela polícia, desde julho de 99, há
apenas dois criminosos envolvidos na ação. Ontem, no entanto,
seis pessoas fizeram a abordagem.
Somente no mês de dezembro
do ano passado, 91% das vítimas
foram abordadas pelos ladrões
em caixas eletrônicos que funcionam em vias públicas. Os demais
foram surpreendidos em postos
de auto-atendimento de shoppings ou de redes de supermercado. No caso de ontem, o carro oficial da Prefeitura de São Paulo foi
abordado no trânsito.
""Nos oito meses em que estou
aqui, encontramos uma única
quadrilha que agia desse modo
(como a que sequestrou o secretário), mas foi em setembro e nove
membros desse grupo foram presos", disse o delegado do Depatri.
Outro fator diferente do padrão
foi a hora da ação: dos 101 sequestros relâmpagos de dezembro de
2000, apenas quatro ocorreram
entre 3h e 6h da madrugada
-horário em que o secretário
acabou atacado. Quase a metade
desse tipo de crime (47,5%) é registrada à noite, entre 18h e 24h.
Segundo levantamento da polícia, a região da 3ª Seccional (Brás,
Belém, Itaim Bibi, Pinheiros, Lapa
e Santa Ifigênia) é a que mais concentra casos de sequestros relâmpagos em São Paulo.
Em um terço dos casos (37%),
os sequestradores querem na verdade o carro, mas aproveitam para fazer saques bancários.
O Depatri começou a levantar
informações ontem sobre os três
sequestros em série, para assessorar o 16º DP (Vila Clementino), da
área onde os crimes ocorreram, e
a Delegacia Seccional de São Bernardo do Campo.
A polícia acredita que os sequestradores são do ABC. ""Por isso, eles teriam deixado o carro do
secretário em São Bernardo", afirmou o delegado Eder Pereira da
Silva, do 16º DP.
A Delegacia Anti-Sequestro,
com policiais do ABC, investiga
uma quadrilha especializada em
ações na zona sul de São Paulo,
São Bernardo e Diadema. Na semana passada, um dos supostos
líderes desse grupo foi preso.
(ALESSANDRO SILVA)
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