São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2001

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VIOLÊNCIA

Para a polícia, número de sequestradores, horário e local da abordagem do secretário Eduardo Jorge não são usuais

Modo de atuar da quadrilha foge do padrão

DA REPORTAGEM LOCAL

O modo de atuação da quadrilha que sequestrou o secretário municipal da Saúde ""foge totalmente" do padrão de sequestros relâmpagos registrados na capital, segundo o delegado Valter Sergio Abreu, do setor que investiga esses casos no Depatri (Departamento de Investigações sobre Crimes Patrimoniais).
No ano passado, a polícia registrou 1.896 sequestros relâmpagos na capital, o que dá cinco por dia. De julho a dezembro de 99, período em que começou a contagem, foram 1.393 registros.
Em 70% dos casos cadastrados pela polícia, desde julho de 99, há apenas dois criminosos envolvidos na ação. Ontem, no entanto, seis pessoas fizeram a abordagem.
Somente no mês de dezembro do ano passado, 91% das vítimas foram abordadas pelos ladrões em caixas eletrônicos que funcionam em vias públicas. Os demais foram surpreendidos em postos de auto-atendimento de shoppings ou de redes de supermercado. No caso de ontem, o carro oficial da Prefeitura de São Paulo foi abordado no trânsito.
""Nos oito meses em que estou aqui, encontramos uma única quadrilha que agia desse modo (como a que sequestrou o secretário), mas foi em setembro e nove membros desse grupo foram presos", disse o delegado do Depatri.
Outro fator diferente do padrão foi a hora da ação: dos 101 sequestros relâmpagos de dezembro de 2000, apenas quatro ocorreram entre 3h e 6h da madrugada -horário em que o secretário acabou atacado. Quase a metade desse tipo de crime (47,5%) é registrada à noite, entre 18h e 24h.
Segundo levantamento da polícia, a região da 3ª Seccional (Brás, Belém, Itaim Bibi, Pinheiros, Lapa e Santa Ifigênia) é a que mais concentra casos de sequestros relâmpagos em São Paulo.
Em um terço dos casos (37%), os sequestradores querem na verdade o carro, mas aproveitam para fazer saques bancários.
O Depatri começou a levantar informações ontem sobre os três sequestros em série, para assessorar o 16º DP (Vila Clementino), da área onde os crimes ocorreram, e a Delegacia Seccional de São Bernardo do Campo.
A polícia acredita que os sequestradores são do ABC. ""Por isso, eles teriam deixado o carro do secretário em São Bernardo", afirmou o delegado Eder Pereira da Silva, do 16º DP.
A Delegacia Anti-Sequestro, com policiais do ABC, investiga uma quadrilha especializada em ações na zona sul de São Paulo, São Bernardo e Diadema. Na semana passada, um dos supostos líderes desse grupo foi preso. (ALESSANDRO SILVA)


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