CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Durante seis anos, o ortopedista Marcos Vinícius Porcelli, 40, sentiu fortes dores, queimação e cansaço nas pernas. Com o passar do tempo, as dores pioraram a ponto de Porcelli parar de jogar futebol, seu esporte predileto. O problema só foi resolvido em julho do ano passado, quando o médico passou por uma cirurgia.
Assim como o ortopedista, um em cada cinco homens pode sofrer de varizes, que são dilatações nas veias, um problema que afeta 25 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).
O principal fator desencadeador das varizes é o hereditário, mas o problema pode se manifestar em homens fumantes, sedentários, obesos e que trabalham muito tempo sentados ou em pé.
Segundo o angiologista e cirurgião vascular Kasuo Miyake, 36, por terem pêlos nas pernas, os homens não percebem as varizes em estado inicial, que, geralmente, surgem por volta dos 25 anos.
Normalmente, afirma o médico, os homens só buscam tratamento muito tarde, quando a dor é quase insuportável. Nesses casos, não há outra solução senão a cirurgia.
Foi o caso do ortopedista Porcelli, que decidiu marcar a cirurgia no dia em que levou uma bolada na perna que estourou uma das varizes. "Aí percebi que a situação já estava no limite", diz o médico. Antes, ele tentava contornar o problema usando meias elásticas durante o dia.
A escolha do tipo da cirurgia vai variar de acordo com o tamanho das varizes. As de pequeno calibre ("vasinhos") são tratadas pela escleroterapia, que consiste na aplicação de injeções de glicose hipertônica, substância que funciona como esclerosante, e pode ser feita no próprio consultório.
As varizes de médio calibre podem ser tratadas com cirurgias de extração de veias. Uma das técnicas baseia-se na retirada da veia comprometida com uma agulha de crochê.
Na safenectomia, indicada para as veias de maior calibre, é feita uma incisão por onde a veia safena é completamente extirpada. Uma outra alternativa para esses casos é amarrar a veia com fio de nylon e cauterizá-la com laser, deixando-a no próprio local.
A vantagem desse método, segundo o angiologista Pedro Leão Puech, 50, professor de cirurgia vascular da USP (Universidade de São Paulo), é que o tempo de recuperação é muito mais rápido.
Puech diz que muitos homens estão procurando a cirurgia de varizes depois de serem recusados em testes de admissão profissional. Muitas empresas, de acordo com ele, não contratam funcionários com varizes imaginando que eles precisarão se afastar do trabalho para operá-las.
Em alguns desses casos, segundo o médico, a cirurgia nem seria necessária porque as varizes não estão prejudicando a circulação sanguínea. Puech afirma que a operação é indicada apenas para as veias compressadas, que provocam danos na circulação.
Aos poucos, segundo os angiologistas, os homens começam a procurar ajuda médica para se livrar dos chamados "vasinhos" por uma questão de estética.
É o caso do bancário Luiz Carlos dos Santos, 45, que precisou depilar parte da perna para poder fazer o tratamento de escleroterapia. "Ficava constrangido cada vez que colocava um short. Como tenho pouco pêlo, os vasinhos ficavam bem visíveis", diz.

Meias elásticas
Na opinião de Puech, homens e mulheres que trabalham mais de uma hora em pé ou sentados deveriam usar meias elásticas para prevenir as varizes.
As mulheres grávidas também precisam usar as meias durante toda a gravidez, obedecendo o seguinte critério: suave compressão do primeiro ao terceiro mês; média compressão do terceiro ao sexto mês; e alta compressão até o nono mês de gravidez.
Segundo Kasuo Miyake, aos primeiros sinais de varizes é importante que os homens procurem atendimento especializado. "Quanto mais cedo tratar, mais fácil será livrar-se do incômodo das veias inflamadas", diz.
Além das meias elásticas, é fundamental que homens e mulheres não descuidem dos exercícios físicos mesmo durante o trabalho. Uma dica é dar algumas voltas na sala ou fazer exercícios com a ponta dos pés.
Os casos mais graves de varizes costumam evoluir para flebites (inflamação nas paredes das veias) e tromboflebites (flebite associada à trombose do vaso). A pessoa que sofre desses males também pode apresentar sintomas como cãibras, dor na sola dos pés e falta de firmeza nas pernas.


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