São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

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DOIS ANOS DEPOIS

Luciana Novaes, atingida por tiro em 2003, não reviu o mar, como quer

Baleada em campus vai para casa

LIGIA DINIZ
DA SUCURSAL DO RIO

A estudante de enfermagem Luciana Gonçalves de Novaes, 21, que ficou tetraplégica após ser atingida por um tiro no campus da universidade, já está morando na casa que a Estácio de Sá colocou à sua disposição, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), mas ainda não conseguiu realizar o sonho de rever o mar.
Luciana estava no hospital desde 5 de maio de 2003, quando foi ferida por uma bala perdida. Ela foi levada na sexta para o imóvel (um minihospital, segundo a mãe, Helena Gonçalves de Novaes) e está se adaptando.
A Estácio de Sá montou a nova casa após decisão da Justiça, de dezembro de 2004, que determinava que a universidade colocasse à disposição um imóvel adaptado e custeasse o tratamento da jovem. O inquérito do crime ainda não foi concluído. Há dois suspeitos presos.
Na casa há todo o aparato hospitalar exigido, como respirador artificial e geradores. O imóvel foi adaptado para a passagem da cadeira de rodas de Luciana. "É uma casa grande. Tem até piscina. Tinha três quartos, mas dois foram transformados. O banheiro também foi ampliado", disse a mãe de Luciana.
A irmã de Luciana, Josiane, diz que a irmã está contente em poder ir para casa. "No hospital, ela vivia em um quarto pequenino. Aqui há bem mais espaço."
Moram hoje com a jovem seus pais e quatro enfermeiras. Luciana tem sessões diárias de fisioterapia e fonoaudiologia.
De acordo com a mãe, ela está bem, mas não está preparada, por recomendação médica, para conceder entrevistas em casa.
Luciana também não pôde ainda ser levada até a praia-a estudante afirmou à Folha, em abril, que gostaria de "sair um pouco do hospital para ver o mar". "Foi uma emoção muito grande quando consegui ver o céu", afirmou na ocasião.
O tiro atingiu Luciana na mandíbula e se alojou na coluna cervical; ela perdeu os movimentos do pescoço para baixo.
Assim que voltou a falar, em dezembro de 2003, Luciana reagiu com bom humor à nova realidade. "Minha voz parece a do Pato Donald", brincou à época.


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