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DOIS ANOS DEPOIS
Luciana Novaes, atingida por tiro em 2003, não reviu o mar, como quer
Baleada em campus vai para casa
LIGIA DINIZ
DA SUCURSAL DO RIO
A estudante de enfermagem
Luciana Gonçalves de Novaes,
21, que ficou tetraplégica após
ser atingida por um tiro no campus da universidade, já está morando na casa que a Estácio de
Sá colocou à sua disposição, em
Jacarepaguá (zona oeste do
Rio), mas ainda não conseguiu
realizar o sonho de rever o mar.
Luciana estava no hospital
desde 5 de maio de 2003, quando foi ferida por uma bala perdida. Ela foi levada na sexta para o
imóvel (um minihospital, segundo a mãe, Helena Gonçalves
de Novaes) e está se adaptando.
A Estácio de Sá montou a nova casa após decisão da Justiça,
de dezembro de 2004, que determinava que a universidade
colocasse à disposição um imóvel adaptado e custeasse o tratamento da jovem. O inquérito do
crime ainda não foi concluído.
Há dois suspeitos presos.
Na casa há todo o aparato hospitalar exigido, como respirador
artificial e geradores. O imóvel
foi adaptado para a passagem
da cadeira de rodas de Luciana.
"É uma casa grande. Tem até
piscina. Tinha três quartos, mas
dois foram transformados. O
banheiro também foi ampliado", disse a mãe de Luciana.
A irmã de Luciana, Josiane,
diz que a irmã está contente em
poder ir para casa. "No hospital,
ela vivia em um quarto pequenino. Aqui há bem mais espaço."
Moram hoje com a jovem seus
pais e quatro enfermeiras. Luciana tem sessões diárias de fisioterapia e fonoaudiologia.
De acordo com a mãe, ela está
bem, mas não está preparada,
por recomendação médica, para conceder entrevistas em casa.
Luciana também não pôde
ainda ser levada até a praia-a
estudante afirmou à Folha, em
abril, que gostaria de "sair um
pouco do hospital para ver o
mar". "Foi uma emoção muito
grande quando consegui ver o
céu", afirmou na ocasião.
O tiro atingiu Luciana na
mandíbula e se alojou na coluna
cervical; ela perdeu os movimentos do pescoço para baixo.
Assim que voltou a falar, em
dezembro de 2003, Luciana reagiu com bom humor à nova realidade. "Minha voz parece a do
Pato Donald", brincou à época.
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