São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

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Menino de 12 anos mata a avó a facadas no Rio

Segundo a polícia, ele confessou o crime e disse que tinha cheirado solvente de tinta

Chamados por uma testemunha, os PMs chegaram ao garoto quando ele arrastava o corpo enrolado em um cobertor

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Um menino de 12 anos matou a avó a facadas na noite de anteontem na casa onde moravam, em Japeri (Baixada Fluminense, região metropolitana do Rio), segundo a polícia. Minutos antes, ainda de acordo com a polícia, ele havia cheirado solvente de tinta.
A polícia chegou ao garoto no momento em que arrastava pela rua o corpo da avó de 66 anos, que estava enrolado em um cobertor. Ao ser indagado pelos policiais, ele respondeu que havia matado a avó, mas sem motivo. Ele morava com ela havia cerca de um mês.
Na casa, viviam também a mãe do jovem, que tem problemas mentais, e um tio. A polícia suspeita que o garoto esconda o motivo do crime.
De acordo com o promotor Ricardo Camparelle, o jovem agiu com frieza. Antes de matar a avó a facadas, tentou estrangulá-la. Após cometer o crime, ele limpou todo o sangue que se espalhou pela casa e foi à rua observar se o caminho estava livre para sair com o corpo.
"Apesar de estar sob o efeito de drogas, ele agiu conscientemente", disse Camparelle, acrescentando que o uso do solvente teria lhe encorajado a cometer o crime.
Segundo o relato do adolescente à polícia, ele chegou à sua casa por volta das 18h após deixar uma lan-house (loja de jogos em computador) e começou a cheirar solvente. Em seguida, viu a avó carregando um travesseiro e indo deitar-se em um sofá na sala.
De acordo com o depoimento, depois que a avó se acomodou, o jovem tentou sufocá-la com o travesseiro. Ela caiu no chão e começou se a debater. O menino tentou então estrangulá-la e enfiou dois dedos dentro da garganta dela.
Em seguida, foi a cozinha, pegou uma faca e atingiu a idosa na barriga. O cabo partiu, com a lâmina tendo ficado no corpo da avó. Ele voltou à cozinha, pegou outra faca e golpeou no pescoço.
Com a avó já morta, o garoto limpou todo o sangue que se espalhou pela casa e voltou a cheirar solvente, segundo relatou. Foi até a rua para ver o movimento. Quando retornou à casa, enrolou o corpo da avó em um cobertor vermelho e, puxando-o pelos pés, começou a arrastá-lo pela rua, enquanto segurava uma garrafa com o solvente.

Testemunhas
Depois de o adolescente percorrer cerca de 50 metros com o corpo, um homem em uma moto o viu e chamou a polícia. Ele foi abordado pelos PMs perto de uma passagem de nível quando se preparava para jogar o cadáver em um valão.
Após confessar o crime, de acordo com a polícia, o garoto foi levado para a 63ª Delegacia Policial onde confirmou mais uma vez que matou a avó. No posto policial, recebeu a visita dos pais adotivos.
Japeri fica a 70 km do Rio e possui pouco mais de 100 mil habitantes. É uma cidade-dormitório na região metropolitana do Estado.
Na tarde de ontem, o adolescente foi encaminhado à Justiça. Ele deverá ficar detido no Instituto Padre Severino, na Ilha do Governador (zona norte). Como é menor, pode cumprir no máximo três anos de "medias socieducativas".
O promotor afirmou que o jovem tinha até um plano caso alguém perguntasse pela avó. De acordo com ele, a idéia do adolescente era dizer ao tio que morava na casa que ela havia saído e não tinha hora para retornar. A mãe do jovem não estava na residência da família e não foi localizada.
Segundo o Ministério Público, o adolescente disse que não era viciado em solvente (só usava de vez em quando) e que não tinha problemas de relacionamento com a avó.


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