|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Idoso erra ao usar remédios, diz pesquisa
Estudo da Santa Casa de SP revela que 41% deles tomam medicamentos inadequados ou em doses excessivas para a faixa etária
Para especialista, paciente idoso toma cada vez mais remédios para combater os efeitos causados pelos próprios medicamentos
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo da Santa Casa de
São Paulo mostra que 41% dos
idosos tomam remédios inadequados ou em doses excessivas
para a faixa etária. Em razão
disso, sofrem efeitos colaterais
como perda de memória, sonolência, pressão baixa, quedas,
distúrbios psiquiátricos, tremores intensos, entre outros.
O trabalho foi feito pelo setor
de geriatria do hospital e envolveu cem idosos, com idade média de 77 anos. O objetivo do estudo era verificar os remédios
que eles estavam usando no dia
da primeira consulta.
Segundo Milton Gorzoni,
chefe da gerontologia da Santa
Casa e coordenador da pesquisa, 40% dos idosos pesquisados
usavam diariamente cinco ou
mais remédios. Entre as drogas
não-recomendadas, estavam
algumas de uso freqüente, como calmantes, antiinflamatórios, remédios para pressão alta
e relaxantes musculares.
Embora muitos dos idosos
estivessem tomando os remédios com prescrição médica,
Gorzoni afirma que havia alternativas mais seguras para tratar as doenças. Ou seja, faltariam informações aos médicos
de outras especialidades sobre
como medicar os idosos.
"Às vezes, é uma questão de
gastar um pouco mais de tempo
na consulta perguntando quais
remédios o idoso está usando."
Gorzoni diz que o hábito de
se consultar com médicos de
diferentes especialidades acaba
gerando outro problema comum aos idosos: uma superposição de drogas com princípios
ativos e efeitos semelhantes.
Ele cita um exemplo clássico:
idosos que consomem, ao mesmo tempo, vitamina B12, aspirina e ginko biloba. "Como eles
têm o metabolismo mais lento,
o fígado e os rins levam mais
tempo para processar e eliminar os remédios, favorecendo o
surgimento de efeitos colaterais como sangramento, hematomas e dor nas articulações."
Segundo Gorzoni, o paciente
idoso costuma entrar na chamada "cascata medicamentosa". "Ele passa a tomar cada vez
mais remédios para combater
os efeitos colaterais causados
pelos próprios medicamentos."
O caso da aposentada Eunice
Girardi Tafner, 75, é um exemplo. Ela procurou o geriatra
queixando-se de mal-estar, dores de cabeça, enjôos e confusão mental. Bastou uma conversa para o mistério ser desvendado: excesso de remédios.
"Estava tomando perto de 30
medicamentos, todos receitados por clínicos gerais, cardiologista, reumatologista, gastroenterologista, dermatologista e nem sei mais quem. O
geriatra reduziu para cinco os
remédios que eu deveria tomar.
Agora, estou ótima", diz ela.
De acordo com Gorzoni,
mesmo fitoterápicos, como
ginko biloba ou ginseng, que os
idosos usam e não costumam
relatar ao médico, têm que ser
consumidos com cautela porque podem interferir na função
de outros remédios.
NA INTERNET - Leia a lista de medicamentos não recomendados aos
idosos
www.folha.com.br/070371
Texto Anterior: Autor de laudo diz que não apontou risco de desabamento na estação Fradique Próximo Texto: Sergipe: Trigêmeos nascem em cidades distintas Índice
|