São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2001

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ACIDENTE EM ALTO-MAR

Plataforma da Petrobras explode; 1 morre e 9 estão desaparecidos

Para a empresa, são mínimas as chances de haver sobreviventes na bacia de Campos

ELVIRA LOBATO
CHICO SANTOS
ENVIADOS ESPECIAIS A MACAÉ

Três explosões, em cerca de 20 minutos, ocorridas na madrugada de ontem na plataforma P-36 da Petrobrás, na bacia de Campos (norte fluminense), deixaram pelo menos um morto, um ferido grave e nove desaparecidos.
A direção da estatal admite que são mínimas as chances de ainda existirem sobreviventes na plataforma, que está adernada num ângulo de 30 graus e foi abandonada por causa do risco de novas explosões e de afundamento.
Foi o segundo maior acidente da história da Petrobras e o terceiro este ano na bacia de Campos. O mais grave ocorreu na plataforma Enchova 1, também na bacia de Campos, em 1984, quando morreram 37 funcionários.
A P-36 é a maior plataforma de produção de petróleo em alto-mar do mundo e estava em operação havia apenas dez meses. Ela fica no campo de Roncador, a 120 km da costa, onde o mar tem profundidade de 1.360 m. Segundo a Petrobras, 175 pessoas estavam no local no momento do acidente.

Como foi

A primeira explosão ocorreu à 0h20, em uma das colunas de sustentação da plataforma flutuante. Vinte e cinco homens da brigada de emergência correram para o local e foram surpreendidos por uma segunda explosão, muito mais forte do que a primeira, segundo o presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul.
Foi, provavelmente, nesse momento, que as vítimas foram atingidas pelo fogo. Cerca de 15 minutos depois, ocorreu uma terceira explosão. Os empregados foram retirados e levados em embarcações para uma outra plataforma (a P-47, um navio-cisterna que recebe a produção da P-36), distante 12 km do local do acidente.
A Petrobras informou que ainda não era possível saber as causas das explosões. A coluna que explodiu não armazena óleo ou gás. Há suspeitas, levantadas por empregados da estatal que fizeram contato com o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, de que o gás vazou em outra área e se armazenou na coluna.
Os pilares de sustentação têm 30 metros de altura e são verdadeiros edifícios, inclusive com elevadores. A plataforma toda é do tamanho de um quarteirão, com cem metros de comprimento.
A retirada do pessoal foi lenta. Começou por volta das 3h30 e só terminou pela manhã, segundo relatou o superintendente da bacia de Campos, Eduardo Bellot. Da P-47, foram levados de helicópteros para Macaé, centro terrestre da produção de petróleo da bacia de Campos. A operação durou todo o dia de ontem.

Risco
Com uma das quatro colunas de sustentação danificada, a plataforma começou a adernar, com focos de incêndio persistindo por toda a manhã. Por volta do meio-dia, a plataforma havia atingido inclinação de 30 graus, com grande de risco de afundar. A Petrobras avalia que só poderá retornar ao local se a P-36 permanecer estável ao menos por 18 horas.
Havendo estabilidade, técnicos que estão próximos do local tentarão entrar na plataforma para verificar se há sobreviventes.
A empresa admite que há risco de vazamento de combustível. Existem 1,2 milhão de litros de óleo diesel na plataforma, que é o combustível usado para seu funcionamento. Além disso, há 300 mil litros de petróleo bruto nos dutos entre os poços no fundo do mar e a P-36. Se vazar 1,5 milhão de litros de diesel e petróleo, ambientalistas acham que é reduzido o risco de dano ecológico.
Embora considere praticamente impossível a existência de sobreviventes, a Petrobras só reconhece um morto, oficialmente, porque os últimos integrantes da brigada de incêndio a deixar a plataforma constataram um morto, embora não tivessem conseguido identificá-lo.


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