|
Próximo Texto | Índice
ACIDENTE EM ALTO-MAR
Plataforma da Petrobras explode; 1 morre e 9 estão desaparecidos
Para a empresa, são mínimas as chances de haver sobreviventes na bacia de Campos
ELVIRA LOBATO
CHICO SANTOS
ENVIADOS ESPECIAIS A MACAÉ
Três explosões, em cerca de 20
minutos, ocorridas na madrugada de ontem na plataforma P-36
da Petrobrás, na bacia de Campos
(norte fluminense), deixaram pelo menos um morto, um ferido
grave e nove desaparecidos.
A direção da estatal admite que
são mínimas as chances de ainda
existirem sobreviventes na plataforma, que está adernada num
ângulo de 30 graus e foi abandonada por causa do risco de novas
explosões e de afundamento.
Foi o segundo maior acidente
da história da Petrobras e o terceiro este ano na bacia de Campos. O
mais grave ocorreu na plataforma
Enchova 1, também na bacia de
Campos, em 1984, quando morreram 37 funcionários.
A P-36 é a maior plataforma de
produção de petróleo em alto-mar do mundo e estava em operação havia apenas dez meses. Ela
fica no campo de Roncador, a 120
km da costa, onde o mar tem profundidade de 1.360 m. Segundo a
Petrobras, 175 pessoas estavam
no local no momento do acidente.
Como foi
A primeira explosão ocorreu à
0h20, em uma das colunas de sustentação da plataforma flutuante.
Vinte e cinco homens da brigada
de emergência correram para o
local e foram surpreendidos por
uma segunda explosão, muito
mais forte do que a primeira, segundo o presidente da Petrobras,
Henri Philippe Reichstul.
Foi, provavelmente, nesse momento, que as vítimas foram atingidas pelo fogo. Cerca de 15 minutos depois, ocorreu uma terceira
explosão. Os empregados foram
retirados e levados em embarcações para uma outra plataforma
(a P-47, um navio-cisterna que recebe a produção da P-36), distante 12 km do local do acidente.
A Petrobras informou que ainda não era possível saber as causas das explosões. A coluna que
explodiu não armazena óleo ou
gás. Há suspeitas, levantadas por
empregados da estatal que fizeram contato com o Sindicato dos
Petroleiros do Norte Fluminense,
de que o gás vazou em outra área e
se armazenou na coluna.
Os pilares de sustentação têm 30
metros de altura e são verdadeiros
edifícios, inclusive com elevadores. A plataforma toda é do tamanho de um quarteirão, com cem
metros de comprimento.
A retirada do pessoal foi lenta.
Começou por volta das 3h30 e só
terminou pela manhã, segundo
relatou o superintendente da bacia de Campos, Eduardo Bellot.
Da P-47, foram levados de helicópteros para Macaé, centro terrestre da produção de petróleo da
bacia de Campos. A operação durou todo o dia de ontem.
Risco
Com uma das quatro colunas de
sustentação danificada, a plataforma começou a adernar, com
focos de incêndio persistindo por
toda a manhã. Por volta do meio-dia, a plataforma havia atingido
inclinação de 30 graus, com grande de risco de afundar. A Petrobras avalia que só poderá retornar
ao local se a P-36 permanecer estável ao menos por 18 horas.
Havendo estabilidade, técnicos
que estão próximos do local tentarão entrar na plataforma para
verificar se há sobreviventes.
A empresa admite que há risco
de vazamento de combustível.
Existem 1,2 milhão de litros de
óleo diesel na plataforma, que é o
combustível usado para seu funcionamento. Além disso, há 300
mil litros de petróleo bruto nos
dutos entre os poços no fundo do
mar e a P-36. Se vazar 1,5 milhão
de litros de diesel e petróleo, ambientalistas acham que é reduzido
o risco de dano ecológico.
Embora considere praticamente impossível a existência de sobreviventes, a Petrobras só reconhece um morto, oficialmente,
porque os últimos integrantes da
brigada de incêndio a deixar a
plataforma constataram um morto, embora não tivessem conseguido identificá-lo.
Próximo Texto: Estado de funcionário é grave Índice
|