São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2001

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SISTEMA CARCERÁRIO

Com o dinheiro gasto para reformar unidades, seria possível construir um CDP com 700 vagas

Rebelião deixa prejuízo de R$ 7 mi ao Estado

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A maior rebelião em presídios da história do país, organizada pela facção de presos conhecida como PCC (Primeiro Comando da Capital), em São Paulo, custou até agora cerca de R$ 7 milhões ao governo do Estado, apenas em reformas de prédios.
Na tarde do último dia 18, grupos de detentos dominaram ao mesmo tempo 29 prisões, em 19 municípios diferentes, e fizeram quase 10 mil reféns, entre parentes de encarcerados e funcionários.
Com o dinheiro gasto para recuperar as unidades, seria possível construir um CDP (Centro de Detenção Provisória) novo, com 700 vagas, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária, que estimou os prejuízos com as depredações.
Na Penitenciária do Estado, no complexo do Carandiru, zona norte de São Paulo, a secretaria irá gastar cerca de R$ 1,3 milhão para reativar todos os pavilhões. Foi dali que partiram as ordens do PCC, por meio de telefones celulares, para que as outras prisões se rebelassem contra o governo.
O cálculo não inclui a reativação da Casa de Custódia de Taubaté, no Vale do Paraíba, destruída em rebelião do PCC no final do ano passado. Nove pessoas morreram lá. A reforma, de acordo com a secretária, custou aproximadamente R$ 1,5 milhão.
Além disso, por causa do PCC, foram movimentados pelo Estado cerca de 700 detentos desde a megarrebelião, em uma tentativa de desarticular a facção e aliviar as prisões mais danificadas. Essas transferências dependem de escoltas armadas e organização de comboios, gastos que não estão na estimativa do governo.

Remoções
Ontem, 120 detentos foram transferidos do complexo do Carandiru -60 deles da Penitenciária do Estado e o restante da Casa de Detenção. A tropa de choque da PM e a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) participaram da ação o dia inteiro.
Entre os transferidos, estão Marcos Fernandes de Omena, 27, e Christian de Souza Augusto, 27, respectivamente Dexter e Afro-X, que formam o grupo de rap 509-E, vencedor do último Vídeo Music Brasil, da MTV.
Para tentar reduzir os prejuízos, o governo publicou anteontem regras que prevêem o desconto do salário que eles recebem trabalhando nas prisões.
"Não é possível que algumas facções de presos façam rebeliões e destruam uma penitenciária, que é patrimônio público", disse ontem o governador Geraldo Alckmin.


Colaborou Sérgio Duran


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