São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MORTE DE SINDICALISTA

Água que dirigente bebeu tinha cianureto, aponta Adolfo Lutz

Laudo confirma envenenamento

ADÉLIA CHAGAS
DA REPORTAGEM LOCAL

A água que o ex-sindicalista e ex-juiz classista José Mendes Botelho bebeu antes de morrer no dia 5 deste mês estava envenenada, segundo a análise do Instituto Adolfo Lutz.
Na água, de acordo com o laudo do instituto, tinha cianureto, um "veneno poderoso".
O resultado saiu ontem e foi encaminhado para o 3º DP (Santa Ifigênia), região central, que está apurando o caso.
Botelho foi internado depois de beber a água que estava em uma geladeira na sua sala na sede do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviários, no centro de SP. Ele era presidente do sindicato desde 1982.
De acordo com o laudo, o cianureto é uma substância que não é perceptível porque não tem cheiro nem cor.
O teste feito com a água que Botelho bebeu no instituto Adolfo Lutz matou camundongos.
Quando tomou a água, por volta das 16h30, Botelho estava conversando com dois diretores do sindicato na sala, Miltom Miranda de Souza e Ademir Natal Rodrigues.
Em seguida, ele começou a passar mal, foi para o banheiro. Lá, foi encontrado desmaiado. Souza e Natal o levaram para o Hospital Santa Izabel, onde Botelho foi encaminhado para UTI e morreu às 23h30.

Suspeita
O delegado titular do 3º DP, que preside o inquérito, Francisco Missaci, disse ontem que o resultado do laudo é um indício de homicídio.
"Vou convocar as testemunhas, o Milton Miranda e o Ademir, que estavam com ele na hora em que passou mal", disse. Ele também já requisitou o laudo da necropsia.
O primeiro resultado do exame do IML (Instituto Médico Legal) foi morte indefinida.
No dia do velório, Rodrigues e o vice-presidente do sindicato, Eluiz Alves, disseram que não havia como suspeitar de alguém porque Botelho não tinha inimigos e era uma pessoa calma.

Perfil
Botelho ocupava o cargo de presidente do sindicato desde 1982. Ele tomou posse nesse último mandato há um ano.
O sindicalista ficaria no cargo mais quatro anos. Botelho se elegeu em chapa única. O sindicato não é filiado a nenhuma central.
Ele havia iniciado sua carreira política como vereador de Santo André (Grande São Paulo), em 1976.
Depois, foi eleito deputado federal pelo PTB por três mandatos, de 1986 a 1994.
Botelho deixou a política em 1994, quando concorreu a deputado estadual em São Paulo e não conseguiu se eleger.
Ele assumiu o cargo de juiz classista em fevereiro de 1999, indicado pela Federação Nacional dos Ferroviários e ficaria até 2002, segundo o TRT (Tribunal Regional do Trabalho).
O sindicato tem cerca de 7.000 associados. São filiados os empregados da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da empresa Minas Rio São Paulo Logística.


Texto Anterior: Novas regras podem agravar insatisfação
Próximo Texto: Crime: Motoqueiros matam pastor após culto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.