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MORTE DE SINDICALISTA
Água que dirigente bebeu tinha cianureto, aponta Adolfo Lutz
Laudo confirma envenenamento
ADÉLIA CHAGAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A água que o ex-sindicalista e
ex-juiz classista José Mendes Botelho bebeu antes de morrer no
dia 5 deste mês estava envenenada, segundo a análise do Instituto
Adolfo Lutz.
Na água, de acordo com o laudo
do instituto, tinha cianureto, um
"veneno poderoso".
O resultado saiu ontem e foi encaminhado para o 3º DP (Santa
Ifigênia), região central, que está
apurando o caso.
Botelho foi internado depois de
beber a água que estava em uma
geladeira na sua sala na sede do
Sindicato dos Trabalhadores em
Empresas Ferroviários, no centro
de SP. Ele era presidente do sindicato desde 1982.
De acordo com o laudo, o cianureto é uma substância que não
é perceptível porque não tem
cheiro nem cor.
O teste feito com a água que Botelho bebeu no instituto Adolfo
Lutz matou camundongos.
Quando tomou a água, por volta das 16h30, Botelho estava conversando com dois diretores do
sindicato na sala, Miltom Miranda de Souza e Ademir Natal Rodrigues.
Em seguida, ele começou a passar mal, foi para o banheiro. Lá,
foi encontrado desmaiado. Souza
e Natal o levaram para o Hospital
Santa Izabel, onde Botelho foi encaminhado para UTI e morreu às
23h30.
Suspeita
O delegado titular do 3º DP, que
preside o inquérito, Francisco
Missaci, disse ontem que o resultado do laudo é um indício de homicídio.
"Vou convocar as testemunhas,
o Milton Miranda e o Ademir, que
estavam com ele na hora em que
passou mal", disse. Ele também já
requisitou o laudo da necropsia.
O primeiro resultado do exame
do IML (Instituto Médico Legal)
foi morte indefinida.
No dia do velório, Rodrigues e o
vice-presidente do sindicato,
Eluiz Alves, disseram que não havia como suspeitar de alguém
porque Botelho não tinha inimigos e era uma pessoa calma.
Perfil
Botelho ocupava o cargo de
presidente do sindicato desde
1982. Ele tomou posse nesse último mandato há um ano.
O sindicalista ficaria no cargo
mais quatro anos. Botelho se elegeu em chapa única. O sindicato
não é filiado a nenhuma central.
Ele havia iniciado sua carreira
política como vereador de Santo
André (Grande São Paulo), em
1976.
Depois, foi eleito deputado federal pelo PTB por três mandatos,
de 1986 a 1994.
Botelho deixou a política em
1994, quando concorreu a deputado estadual em São Paulo e não
conseguiu se eleger.
Ele assumiu o cargo de juiz classista em fevereiro de 1999, indicado pela Federação Nacional dos
Ferroviários e ficaria até 2002, segundo o TRT (Tribunal Regional
do Trabalho).
O sindicato tem cerca de 7.000
associados. São filiados os empregados da CPTM (Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos) e da empresa Minas Rio São
Paulo Logística.
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