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LEGISLAÇÃO
Pena é de um a dois anos de detenção; mulher também pode ser punida
Câmara aprova projeto que torna o assédio crime
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara aprovou ontem o
projeto que torna crime o assédio
sexual, com pena de um ano a
dois anos de detenção. O projeto
faz parte do pacote em discussão
no Congresso em homenagem ao
Dia Internacional da Mulher, comemorado no último dia 8.
A previsão de pena de detenção
causou polêmica na sessão. O deputado Marcos Rolim (PT-RS)
votou contra o projeto porque entende que assédio deveria ser tratado no Código Civil (com pagamento de indenização, por exemplo) ou a pena poderia ser alternativa, não de prisão.
"Esse projeto é um absurdo.
Propor detenção é coisa de quem
não tem nada na cabeça", afirmou
Rolim. Ele disse que não é contra
a punição do assédio, mas afirmou que a pena é muito rigorosa.
"Quando a primeira pessoa for
presa por assédio, eu vou convidar as deputadas para visitarem a
prisão", disse o deputado, que fez
vistorias em presídios brasileiros
na condição de presidente da Comissão de Direitos Humanos.
No plenário, a relatora do projeto, deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP), disse que o juiz poderá aplicar pena alternativa.
O projeto, aprovado em votação
simbólica (sem registro do voto
no painel eletrônico), não se restringe ao assédio sexual sofrido
por mulheres. Segundo o texto,
será crime "constranger alguém
com o intuito de obter vantagem
ou favorecimento sexual", quando o agressor está em condição
hierárquica superior no emprego,
no cargo ou na função.
Iara Bernardi (PT-SP), autora
do projeto, disse que, com essa redação, são punidos não apenas os
casos de assédio sexual nas relações de trabalho, mas os que envolvem médico e paciente, professor e aluno, por exemplo.
O crime será tipificado quando
a pessoa assediada estiver em
condições de inferioridade em relação ao agressor. "Terá de ser caracterizada a situação de fragilidade da vítima. Não vamos entrar
na histeria de alguns países da Europa que punem até paquera."
O projeto ainda precisa ser
aprovado pelo Senado.
Anteontem, a Câmara aprovou
dois projetos do pacote em homenagem à mulher: o que obriga os
planos de saúde a custearem cirurgia reparadora de mama nos
casos de mutilação por tratamento contra câncer e o que obriga os
delegados a esclarecerem mulheres estupradas sobre a possibilidade de aborto.
(LUIZA DAMÉ)
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